O terceiro fim de semana de maio promete ser escaldante e impróprio para cardíacos. Será nesse domingo, 18, que vão realizar-se as eleições legislativas antecipadas, apenas um dia depois da data marcada para a última jornada da Liga Portugal, para a qual poderá ser arrastada a decisão final quanto ao próximo campeão nacional de futebol. Até lá, esperam-se semanas de muita ansiedade, quer nas hostes políticas, quer nas futebolistas, que são aquelas que iremos abordar neste espaço. Sobretudo numa altura em que é de fora das quatro linhas, nomeadamente dos gabinetes do poder, que vem a maior fonte de instabilidade. Mais do que a disputa a dois, três ou quatro do título nacional, é a “guerra” entre o atual e o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol que promete incendiar os ânimos.
Vamos por partes. Numa altura em que falta disputar sete jornadas (assumindo que os encarnados terão vencido, na quarta-feira, o Farense, no Estádio da Luz), a luta pela conquista do título parece estar entregue a Sporting e Benfica, que seguem destacados (provavelmente empatados) nos primeiros lugares, com uma vantagem de nove pontos sobre o FC Porto e o Sporting de Braga. Acontece que, na jornada que se aproxima, estas posições podem sofrer alterações importantes (a ver vamos se determinantes), uma vez que os quatro primeiros classificados vão jogar entre si. No domingo, o Benfica vai defrontar o FC Porto no Estádio do Dragão e, na segunda-feira, o Sporting recebe em Alvalade o Sporting de Braga. Dois jogos em que nenhuma das equipas vai querer escorregar. No jogo grande da ronda, já classificado por André Villas-Boas, presidente portista, como “o jogo da época”, o FC Porto vai dar tudo pela vitória. Não só por uma questão de orgulho ferido depois da goleada (4-1) sofrida na primeira volta, mas também porque só a vitória manterá abertas ténues esperanças de conseguir o segundo lugar, que poderá dar acesso à Liga dos Campeões da próxima temporada. Para o Benfica, estará em causa alcançar um resultado que, em última análise, não o atrase face ao Sporting. Já o ainda campeão nacional entrará em campo na segunda-feira com o conforto de conhecer o resultado da véspera no Dragão, mas lutará seguramente sempre por uma vitória que o distancie ou o mantenha a par dos rivais da segunda circular, face a uma equipa do Braga que parece definitivamente apostada em chegar, pelo menos, ao terceiro lugar da classificação geral.
Calendário beneficia leões
Depois desta jornada escaldante, as que se seguem serão menos tensas, mas, ainda assim, de nervos para os adeptos dos rivais de Lisboa. Na teoria, o Sporting tem um calendário teoricamente mais favorável do que o Benfica. Até ao primeiro fim de semana de maio, os leões terão de defrontar o Santa Clara, nos Açores, receber o Moreirense, ir ao Bessa jogar contra o Boavista e defrontar o Gil Vicente em Alvalade. As águias, por seu turno, receberão o Arouca, vão ao sempre difícil estádio do Vitória de Guimarães, voltam a jogar em casa contra o Aves para, por fim, ir à Amoreira defrontar o Estoril. Admitindo que nenhuma das duas equipas escorrega, será na 33ª jornada que poderá começar a decidir-se o título. Pelas 18h do dia 10 de maio, o Benfica recebe o Sporting e das duas uma, ou a questão se decide nesse jogo ou tudo ficará adiado para o tal fim de semana das eleições, com o título a ser decidido perante os rivais do Minho. Isto porque na derradeira jornada da Liga Portugal, o Benfica vai deslocar-se ao terreno do Sporting de Braga e o Sporting vai receber o Vitória de Guimarães. Dois jogos de resultado sempre imprevisível.
Uma semana depois de terminado o campeonato e decididas as eleições, será dia da festa da Taça de Portugal, agendada, como sempre, para o Estádio Nacional, no Jamor, para domingo, 25 de maio, às 17h. As equipas que lá marcarão presença estão ainda por determinar, visto que as duas semifinais só vão disputar-se entre esta quinta-feira, 3, e o próximo dia 23. De um lado, Sporting e Rio Ave vão discutir um dos lugares de finalistas numa meia-final disputada a duas mãos: hoje em Alvalade e, depois, no Estádio dos Arcos. O outro finalista sairá da eliminatória entre o Benfica e o Tirsense, único resistente das divisões secundárias. Na próxima quarta-feira, 9, o Benfica desloca-se a Santo Tirso, recebendo o representante do Campeonato de Portugal (quarto escalão do futebol português) no dia 23. Se os jogos de futebol não fossem o que são, o mais certo seria apostar já que a época 2024/2025 vai terminar com um sempre escaldante derby de Lisboa.
Guerra aberta
Não menos escaldante, mas bem mais desagradável, é a guerra aberta em que entraram o anterior e o atual presidentes da Federação Portuguesa de Futebol. Sabia-se que Fernando Gomes (que deixou a FPF após cumprir o terceiro mandato e é, há uma semana, o novo presidente do Comité Olímpico de Portugal) e Pedro Proença (sucessor na liderança da FPF, depois de três mandatos à frente da Liga Portugal) não tinham as melhores relações, mas nada fazia prever que o verniz estalasse desta maneira. O gatilho que terá desencadeado a guerra foram as buscas da Polícia Judiciária e do Ministério Público à FPF, por suspeitas no negócio da venda da antiga sede daquele organismo. Mesmo perante a garantia prestada pelo diretor da PJ de que Fernando Gomes não era suspeito de nada, o novo presidente da FPF ordenou a suspensão de quatro diretores do organismo que transitaram da anterior presidência e ordenou uma auditoria aos anos em que Gomes liderou o organismo. Esta atitude foi encarada por Fernando Gomes como um desrespeito ao seu legado e um ato de desconfiança sobre a sua conduta. E a tampa saltou definitivamente quando, no sábado, 29, foi conhecida a carta que Pedro Proença enviou a todos os presidentes das 55 federações europeias a apelar ao voto em si para as eleições desta quinta-feira para o Comité Executivo da UEFA. Nessa missiva, Proença garantia ter o apoio do antecessor. Furioso, Gomes escreveu às mesmas entidades, desmentindo ter dado qualquer apoio e acusando o seu sucessor de querer destruir o seu legado.
Com a casa em chamas, a FPF foi obrigada a reunir de emergência e a pedir uma audiência ao Governo. O que estará em causa, além da possível não eleição de Proença para o órgão máximo da UEFA, são a organização do Mundial de 2030 com Espanha e Marrocos e a candidatura à organização do Campeonato Europeu de Futebol Feminino de 2029. Não é, de facto, uma boa altura para Portugal perder espaço e prestígio no seio dos organismos internacionais. 
Reta final para o título
Jogos que faltam aos quatro primeiros classificados da Liga Portugal
Sporting
Braga (casa)
Santa Clara (fora)
Moreirense (casa)
Boavista (fora)
Gil Vicente (casa)
Benfica (fora)
Guimarães (casa)
Benfica
FC Porto (fora)
Arouca (casa)
Guimarães (fora)
AVS (casa)
Estoril (fora)
Sporting (casa)
Braga (fora)
FC Porto
Benfica (casa)
Casa Pia (fora)
Famalicão (casa)
Estrela (fora)
Moreirense (casa)
Boavista (fora)
Nacional (casa)
Sporting de Braga
Sporting (fora)
AVS (casa)
Estoril (fora)
Famalicão (fora)
Santa Clara (casa)
Casa Pia (fora)
Benfica (casa)