A Comunidade Política Europeia é a última das fórmulas encontradas para comprar tempo na Europa. E o tempo pode ser, como sabemos, um dos instrumentos de precisão para garantir a estabilidade do continente, para lá das fronteiras da União Europeia. Mas também pode ser o prego no seu caixão. Por um lado, porque a gestão das expectativas sobre os alargamentos aos Balcãs, à Ucrânia e à Moldávia carece de um acerto entre o cumprimento dos critérios de adesão e as várias pressões políticas internas. Por outro, porque o hiato entre essas duas dinâmicas permite que países interessados na inversão das adesões dinamitem os processos com ameaças, bloqueios, desinformação e manobras financeiras de incidência partidária.
A iniciativa do Presidente Macron, que acaba de ter a segunda reunião em sete meses, apenas com a ausência da Turquia acabada de ir a eleições, só na compra de tempo pode ser comparada à Confederação lançada pelo Presidente Mitterrand no final da Guerra Fria. Na altura, a ideia de círculos concêntricos, em que se incluiria a Rússia, acabavam por congelar a integração do centro e leste europeus, evitando eventuais choques com Moscovo. Hoje, a ideia de Macron exclui abertamente a Rússia e acomoda as fronteiras da Europa a todos os que estão na antecâmara das adesões ou a quem a União Europeia está ligada, direta e indiretamente, na sua segurança, no seu fornecimento energético, na sua política migratória. São os casos, respetivamente, do Reino Unido e da Sérvia, do Azerbaijão e da Noruega, e da Turquia.