Uma nação que esteve em luta e que está agora a reerguer-se. É esta a visão do Primeiro-Ministro, a quem alguém já chamou de otimista irritante, neste debate longo, mas morno, onde a oposição compareceu com pouca energia e com poucos argumentos, arranca Mafalda Anjos, diretora da VISÃO, no Olho Vivo desta semana.
Para Nuno Miguel Ropio, jornalista da secção de Política da VISÃO, neste debate do Estado da Nação, a exemplo do que acontece desde 2016, “António Costa teve mais uma vez um ‘passeio no parque’, tendo em conta aquilo que foi o seu discurso de abertura – em que não tocou sequer nas polémicas deste ano de mandato”. “Houve também uma falta de comparência da oposição, essencialmente por parte do PSD. O facto de Rui Rio não ter estado presente, e ter delegado a liderança do debate por parte da oposição em Adão Silva, parece não ter corrido muito bem aos sociais-democratas”, disse, salientando que também foi notório “um desconforto do BE, na primeira intervenção de Catarina Martins”.
“António Costa foi fazer pré-campanha autárquica”, aponta o jornalista Nuno Aguiar. “Está a vender um país que não existe. Existem quilómetros e quilómetros de cinzento entre uma oposição que às vezes parece que não sai de grupos de Facebook e que fala de uma ditadura socialista; e a ideia de que estamos a avançar para a libertação da pandemia e que viveremos numa utopia tecnológica daqui a dois anos. É justo dizer que há coisas que não estão correr bem”, acrescenta, citando exemplos de falhas na educação e proteção social, assim como as cicatrizes para o sistema democrático das limitações de liberdades trazidas por 15 estados de emergência.
“António mostra que não está para perder o sono com o BE. Percebeu que consegue ter um orçamento de 2022 com este conjunto de bancadas – PCP, PAN PEV, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues – e que se o BE fizer de novo finca pé, como em 2020, e o é próprio BE que vai sofrer uma erosão nas intenções de voto, como tem acontecido quando se coloca contra o Governo”, disse Nuno Aguiar.
“É um BE que se vê relegado para um segundo plano, quando estão ser negociadas medidas – ainda que o Governo refira que apenas está a analisar a execução do OE de 2021 – entre o Governo e os partidos que aprovaram o OE de 2021. É um partido que teve um peso na constituição na geringonça e se vê relegado para um segundo plano. Não é confortável”, apontou Nuno Miguel Ropio, defendendo que essa pode ser uma estratégia do primeiro-ministro.
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