No Olho Vivo desta semana, esteve em análise a convenção Movimento Europa e Liberdade, que quer sentar as direitas para um debate. O MEL mudou o seu foco de um projeto originalmente ao centro, que excluia partidos que consideravam extremistas, para um debate entre as direitas, que passou a incluir o Chega. O aumento do partido nas sondagens explica, naturalmente, esta mudança de orientação.
A questão que se coloca é saber se alargar o debate ao Chega é normalizá-lo, ou se seria melhor, ao invés, ostracizá-lo. Como sublinhou Mafalda Anjos, uma coisa são as opções dentro da estratégia e linha ideológica de cada partido para fazer potenciais pontes e acordos de governação, outra distinta são a sua inclusão nos fóruns de debate público e democrático. Para o PSD e CDS a aproximação ao Chega é verdadeiro “harakiri” político, mas exclui-lo destas conversas não é razoável. “Quer se goste ou não, não é possível fingir que André Ventura não teve meio milhão de votos. Não se pode amordaçar estas pessoas”, defende.
“Vai ser muito difícil à direita ganhar eleições ao centro, quando tem metade do país a dizer que estão a estabelecer uma relação com a extrema-direita. Marcelo Rebelo de Sousa é o político mais popular em Portugal e a campanha presidencial mostrou que ele está mais próximo de Marisa Matias do que de André Ventura. E isso devia fazer refletir a direita. É possível ganhar eleições e ser muito popular à direita. Mas, olhando para esta conferência, a direita não parece ir por aí e acha que se ganham eleições de outra forma. Estamos a assistir a uma espécie de suicídio coletivo da direita”, acrescenta Nuno Aguiar.
“Rui Rio é um tecnocrata, não é um estratega, e por isso não consegue ver estas questões”, sublinhou Filipe Luis.
O discurso do Presidente da República no 25 de Abril, provavelmente um dos seus melhores de sempre, esteve também em análise. Uma lição de civilidade e inteligência, contra o revisionismo histórico.
O fim do Estado de Emergência e a pasagem, a partir de amanhã, para o nível de Estado de Calamidade foi outro assunto em destaque. Ao fim de 173 dias consecutivos em vigor, com onze renovações, vamos finalmente seguir sair da situação de excepção e, tudo indica, seguir adiante com o desconfinamento. Boas novas na frente pandémica e da vacinação e na frente económica.
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