Perdoem a imodéstia, mas é assim: ainda o Campeonato da Europa amanhecia e já eu madrugava. Disse – está escrito nestas mesmas crónicas – que a Holanda não ia longe, a Turquia tinha coração para dar e vender e escrevi – no final da primeira fase, notem bem! – que a Espanha era a minha aposta para ganhar o Euro. Ora bem, posso não merecer ir para adjunto do Mourinho no Inter – embora me agradasse trabalhar com um ego quase do tamanho do meu – mas também não sou o bruxo de Fafe. Haja respeito!
Julgarão alguns que isto é tudo adivinhações.
Mas não é.
São muitos anos de jogos nas bancadas, na televisão e Football Manager em dose suficiente para destruir casamentos. E para quê?! Para os jornais continuarem a pagar crónicas a peso de ouro a analistas tácticos e técnicos analistas que não acertam pevide. Onde estão eles, agora, os tais que falavam de “génios”, “talentos”, “meias distâncias”, “consistência defensiva” e coisas que tais, agora que a Holanda, Portugal e a Rússia, a Santíssima Trindade dos elogios, tanto precisa deles?
Os “especialistas” só deitaram bolas fora, essa é que é essa.
Por isso é que são especialistas.
Eu, meus amigos, percebo de futebol. Limito-me à minha circunstância. Não comecei por analisar jogos para o meu pai, é verdade, mas o Abramovich ganhava muito mais comigo à frente do Chelsea do que com o Big Phil. Pelo menos poupava dinheiro.
Eu, que sou um treinador da era moderna, só precisava de um técnico de campo e de um tipo para traduzir o que eu dissesse. Sobretudo, ao Ricardo Carvalho e ao Paulo Ferreira, por causa da língua. Lá em baixo, para aparecer nas televisões e dar saltinhos, estava o treinador, de facto. Ou de sobretudo, dá igual. Eu ficava na bancada, como qualquer treinador de vanguarda que se preze. Para “ler o jogo”, como agora se diz, basto eu, que leio desde os 5 anos. Alguns cronistas, jogadores e treinadores, como se sabe, ainda estão a aprender as primeiras sílabas. Ou então andam sempre com a Nossa Senhora às costas.
Enfim, não sei como não repararam em mim. Um dia destes vou levar o Freamunde à fina da Taça UEFA movido a palpites e então chamem-me “Special Two”.
Ah! E domingo a Espanha ganha. Não digam que não avisei. É que depois já não falam comigo. Têm de ligar ao Jorge Mendes.