Diga rapidamente, sem pensar, o nome de um escritor suíço. Hum? Nada, não é? Pois, o que se pode esperar de uma selecção que tem tantos jogadores desconhecidos como os seus maiores escritores? Pensa-se na Suiça e o que vem à memória são chocolates, relógios, montanhas, neve e umas contas bancárias muito apreciadas por autarcas e políticos portugueses. A República Checa tem Kafka, apesar deste já não jogar. Mas faz toda a diferença.
O que os suíços fazem melhor é esconder os defeitos dos outros. Ora, a selecção não podia ser diferente. A República Checa não jogou patavina. Mas os suíços lá deixaram o adversário ganhar. Há que ser hospitaleiro.
Pelos outros, os suíços fazem tudo. São uma espécie de Cruz Vermelha, mas ao contrário: fazem tudo pelos outros, mas também se lixam a eles próprios. Querem melhor exemplo do que o treinador suíço, que tem a mulher em coma no hospital e decide ir ver a sua selecção perder?
Ainda a primeira parte não tinha acabado e já a Suíça perdia o seu melhor marcador. Os da República Checa, nada. Não percebiam. A Suíça teve de lhes oferecer o golo. A partir daí, os checos finalmente perceberam ao que vinham: aproveitar a hospitalidade suíça. A equipa anfitriã, não satisfeita, ainda mandou uma bola à barra e o árbitro até lhes roubou um penalty. Tudo muito visto. Ou como diz Carlos Manuel, “o futebol é isto”.
Temo, porém, que este Europeu tenha começado mal. Na prática, os milhões gastos no jogo inaugural serviram para ver um goleador suíço chorar como um bebé. É pouco. Nós, pelo menos, temos vergonha na cara. Só fazemos isso na final.