Trump — pois claro — quer a sua própria Cúpula de Ferro. Para imitar Reagan, dizem. Para proteger os EUA com o que de mais moderno existe em escudos antimíssil. Como os israelitas. Os dos israelitas, esses sim, com eficácia comprovada.
Mas os mais maldosos — e há muitos — garantem que a tal cúpula do ex-presidente nada tem a ver com tecnologia de interceção, nem com o sistema Arrow 3, esse engenho israelo-americano de alta sofisticação. Não. Nada disso. A verdadeira cúpula de Trump — asseguram — é a da sua careca.
E ele, verdade seja dita, é inventivo. Inventa-se. Reinventa-se. Ao mesmo tempo que sonha com lasers no céu e sensores supersónicos, estará — por certo — a investir em cientistas para resolver o seu drama capilar. Não é tanto a calvície, atenção, é a queda de cabelo. A maldita queda que se nota. Que salta à vista.
Aquele arranjo capilar — que geringonça — só se sustenta com cabelo. Muito cabelo. E se o está a perder, disfarça. Postiços, talvez. Ou cola. Mas o importante, mesmo, é reservar parte dos 125 mil milhões de dólares que quer meter na dita Cúpula — a de ferro, não a de couro cabeludo — para investir no cultivo direto de cabelo que se veja.
Ele viu — com olhos de ver — o espetáculo noturno: o Irão a lançar mais de cem mísseis e drones contra Israel. Um ataque, sim. Mas que acabou em fogo de artifício. Luzes no céu. Como numa festa nacional. A Cúpula funcionou. Impecável.
Ora, a ideia — convenhamos — é boa. Muito boa. E não seria de todo descabido que a parte europeia da NATO, ou vá, a União, pensasse o assunto com mais rigor. E ponderasse, por uma vez, um passo estratégico sério. Desses que ficam na História.
Porque — vejam bem — até Xi Jinping já franziu o sobrolho. E com razão. Tal como Gorbachev, nos seus tempos, percebeu o óbvio: a URSS nunca conseguiria acompanhar a “Guerra das Estrelas” de Reagan. Nunca. E agora, senhores, o impensável de ontem está quase todo cá. Instalado. Operacional. Em terra firme. é por isso que Trump — com ou sem cabelo — quer entrar nessa galáxia.
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