A inclusão de um jornalista, diretor da Atlantic, na rede social “Signal” não é o pior que poderia ter acontecido à Casa Branca e a todo o seu sistema de segurança e defesa.
A verdadeira loucura reside na ideia de se criar um grupo nessa rede pública e acessível para a troca de informações secretas, que poderiam ter comprometido toda a operação militar e colocado em risco a vida dos soldados e meios envolvidos.
Esta administração — a começar pelo Conselheiro de Segurança Nacional (diz que não foi ele, mas foi!), o Secretário da Defesa, o Secretário de Estado, mais a CIA, a DIA e o FBI, com a Diretora Nacional de Informações (DNI) — é composta por perigosos amadores, que partilham um plano de ataque entre si, como se estivessem a comentar um filme de guerra. Numa rede social!
Diga-se que o diretor da Atlantic só acreditou naquelas mensagens quando se concretizou o ataque aos Houthi. E fez o que devia: publicou, voltou a publicar e, eventualmente, ainda terá mais para mostrar. Não comprometeu a segurança da operação, não pôs em risco a vida de soldados e, pelos vistos, foi o único que se apercebeu da bandalheira que reina na Casa Branca e na Administração.
Isto não é apenas uma vergonha. É um vexame e um enxovalho para os americanos. Por razões óbvias, a Defesa e os Serviços de Informações são as áreas mais secretas do poder executivo dos EUA — e, afinal, trocam-se num “chat” todas as informações sobre o ataque ao Iémen, revelando horários, mísseis, bombas, drones e outros equipamentos, mais os respetivos alvos. Cresce o constrangimento, nunca antes visto, entre os aliados dos EUA.
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