Não sabemos, para já, se o telefonema entre Trump e Putin ocorreu exatamente dessa forma ou se recorreram a uma teleconferência. Diz-se que durou uma hora e meia e que desse tempo resultaram conclusões interessantes. Aguardamos agora pelo telefonema de Trump a Zelensky.
Foi um avanço extraordinário para a paz entre a Ucrânia e a Rússia? Não, não foi. Ambos deram pequenos passos, mas sempre na berma da estrada, exceto no ponto mais importante de todos, que era precisamente o que Putin desejava. Vamos por partes:
- Cessar-fogo no Mar Negro por 30 dias. Curioso: não há ali nenhuma batalha em curso. Por isso, irrelevante.
- Cessar-fogo contra infraestruturas energéticas na Ucrânia, também por 30 dias. Bem acordado.
- Troca de 175 prisioneiros de guerra entre as duas partes. Boa decisão, mas o alcance deveria ser maior.
- Exigência de Putin: paragem imediata do envio de armas, equipamentos e informações militares para Kiev. Pois, só cá faltava.
- Oferta de Putin: aceitar a rendição das forças ucranianas, que seriam tratadas com todo o respeito.
Há aqui muita palha, sendo que ambas as partes querem iniciar de imediato os aspetos práticos e técnicos deste entendimento, cujo parceiro essencial nem sequer estava na linha. No entanto, Putin conseguiu aquilo que mais desejava desde 2022: que a Administração americana retomasse o diálogo com Moscovo, aliviando ou até suspendendo todas as sanções aplicadas desde o início da guerra. Uma a uma, vão caindo com Trump na Casa Branca. Essa era a moeda de troca do presidente americano.
Se tal acontecer, os Estados Unidos confirmam o afastamento da Europa, que ficará sozinha a manter e reforçar as sanções – algo que pouco importará ao Kremlin, sendo que a porta americana ficará aberta.
Conclusão: esta cimeira virtual desiludiu quem esperava um grande passo para a paz. Foi curto, escasso, exíguo.
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