Ao fim de dez anos, começou o julgamento do BES/GES, e outros tantos se adivinham para esta fase. Não serão dez anos, presume-se, apenas de julgamento, mas muitos e incontáveis. E não vale a pena enumerar os que se consumirão depois da sentença em primeira instância. É um pesadelo judicial. Um julgamento sem fim à vista. Uma carga de trabalhos forçados.
Mas começou, e tem de acabar. E esse peso insuportável, difícil de gerir, sessão após sessão, passou agora para os juízes, que terão de ouvir procuradores, arguidos, testemunhas e advogados. Haverá uma grande ajuda informática, que permitirá consultar qualquer documento em segundos, ou minutos, mas o processo é gigantesco, astronómico e descomunal.
Ninguém sabe, com certeza, se ainda existe alguém no sistema judicial que tenha acompanhado o processo do princípio ao fim desta década. E é óbvio que muitos não resistirão aos anos ou décadas que ainda faltarão. Uma justiça intemporal não é justa para ninguém.
A queda do BES destruiu pessoas, famílias e empresas, muitas dos quais já não verão a medida da Justiça, e quase fez colapsar o sistema financeiro nacional. Foi uma experiência sofrida e dolorosa, que só agora se vai ajuizar.
Nota Final: ver Ricardo Salgado assim, como vimos, não é digno para ninguém. Assim não. Assim não faz sentido. Assim não vale. Por agora é um arguido que vai a julgamento. Não um condenado às galés, que se saiba.
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