Os Houtis, até eles, um bando armado pelo Irão, sem lei nem tino, têm mísseis balísticos para disparar contra Israel. Ao Hezbollah também não faltam, nem ao Hamas, muito menos ao Irão, que até já se dá ao luxo de os fornecer a Putin. Na Europa há mísseis para todos os cenários, estejam eles na Rússia, na NATO, na Bielorrússia, ou também na China, Coreia do Norte e por aí fora.
A Ucrânia bem pede e apela mas não os tem. Ou está longe de ter o que quer, e mesmo assim, quando puder, será sempre com grandes restrições. Há um cinismo político e estratégico que deixa o mundo baralhado. Ninguém quer que os russos vençam a guerra na Ucrânia, mas não dão aos ucranianos as armas certas para acabar com a invasão. É ridículo e cruel.
Putin mete medo, é um facto, e esse sentimento torna os aliados da Ucrânia, mais de 50 países, num grupo de escuteiros simpáticos e inofensivos. E quem alimenta esse receio? Os serviços secretos ocidentais: há pouco tempo, e de uma forma invulgar, os diretores da CIA e do MI6 britânico revelaram que Putin esteve na iminência de usar armas nucleares táticas na Ucrânia, nos finais de 2022 e início de 2023, quando as suas forças armadas começaram a fraquejar.
Fanfarrão, Putin sabe que a ameaça nuclear paraliza os aliados, mas na verdade traçou inúmeras linhas vermelhas que foram abertamente violadas em defesa da Ucrânia, como os F-16, os Himmars, os tanques e tantos outros sistemas. Putin já tem a guerra no seu território, Moscovo deixou de ser inatingível, e esse pesadelo seria seriamente agravado com os mísseis de médio e longo alcance que a Ucrânia utilizaria para destruir o comando e controlo e a logística que alimenta a máquina militar russa. A partir daí seria uma guerra total entre a Rússia e a Ucrânia, e essa escalada poderia envolver tudo e todos. É nesse cálculo hipócrita que estamos colocados, por agora.
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