Para quem viu o debate presidencial americano no dia seguinte, depois de ler todas as análises e prognósticos, não ficou com a impressão de que Kamala Harris deu uma tareia a Donald Trump. Uma tareia das antigas. Ganhou, é verdade, mas um debate não determina nem escolhe um presidente.
Kamala esteve excecionalmente bem, muito preparada, e sempre pronta para desmanchar os argumentos do adversário. Aliás, o gesto inicial de se dirigir a Trump para o cumprimentar foi um pormenor decisivo para se colocar no patamar certo: sem nenhum medo do ex-presidente.
Trump esteve como sempre: caótico no discurso e na narrativa, saltitando daqui para ali, e repetindo os augumentos políticos que se conhecem há muitos anos. Não desiludiu, por isso, os seus apoiantes. Não levou uma pancada que o deitasse ao chão, não ficou sem saber o que dizer, mas perdeu o debate. Curiosamente, em 2016, também Hillary foi dada como imbatível no frente a frente com Trump, e perdeu as eleições.
Kamala gostou tanto que quer repetir: mais um, ou dois, para encostar Trump às cordas. Não parece que o ex-presidente responda ao desafio, mas nada nele é constante, previsível e coerente. A cada um convirá, agora, olhar para as sondagens das próximas semanas. O efeito positivo de um debate dura escassas horas ou dias e as eleições são a 5 de novembro.
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