A «Vida Boa» é a bandeira política, mesmo que oriunda de outros continentes, mas Mariana Mortágua não a alcançará facilmente. Terá de enfrentar a íngreme montanha que o BE tem pela frente, e para isso tem de ser determinada, estar focada, e ter força de vontade.
A seu favor tem o alinhamento planetário, que é o mesmo que dizer que o PS está enfraquecido, já perdeu muitas intenções de voto, e tem um prognóstico reservado. A nova coordenadora do Bloco, que arranca com uma grande expetativa, só tem de sair da parede, ou do buraco, onde o seu partido foi colocado pelos socialistas.
E não é na esquerda extremada que ganhará eleitores. Os que fugiram para o PS estão muito longe desse abismo político. À esquerda, a luta já não se trava com radicalismos. Do PS ao BE, passando pelo PCP, Livre e PAN, há uma panóplia de novas causas, e antigas, mas revestidas, que têm um eleitorado exigente e disponível.
A nova esquerda, que também reside no PS, quer uma «Vida Boa» baseada num maior equilíbrio económico, na justiça social e identidades diversas, na sustentabilidade climática, e na grande insatisfação com os modelos políticos tradicionais e envelhecidos. Mariana Mortágua quer ser, pelo que se percebeu, a ponta de lança dessas novas oportunidades, mas não lhe basta assumir a liderança num ciclo favorável. É preciso ter fibra, persistência e entusiasmo. E tem.
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