Putin tem um alvo na cabeça. E não será um ucraniano a disparar e a acertar. O mandante será Evgeny Prigozhin, dono de um exército financiado e equipado por Moscovo, que não obedece a nenhuma ordem dos comandos militares russos. O ministro da Defesa odeia-o, e matava-o se recebesse a ordem. Putin está visivelmente amedrontado.
Prigozhin é o oligarca das rações de combate, chefe pasteleiro sem grande sucesso, mas é o único, até agora, que não caiu de uma janela, escorregou numas escadas, ou faleceu de ataque cardíaco súbito. Se lhe cheirar – e parece que sim – que o patrão russo o quer liquidar, então o caldo vai entornar para o lado de Putin.
É certo que é cada vez mais difícil apanhar o presidente russo, fechado no seu comboio blindado, tal como Trotsky, mas a história demonstrou que o longo braço armado de Estaline conseguiu executar o seu inimigo, a milhares de quilómetros de distância. Tudo aparenta, agora, que a ordem para matar partirá do senhor Wagner. Avisado e esperto, Prigozhin também não está em lado nenhum, à mão de semear.
Ninguém tem rédeas no seu grupo de mercenários, e muito menos nos seus permanentes insultos às chefias militares, à sua incapacidade logística, e à sua falta de coragem militar e de estratégia vencedora. O pasteleiro aposta tudo em Bakhmut. Chamou os seus melhores assassinos, e quer erguer-se das ruínas como o verdadeiro e futuro comandante-chefe da Rússia. Putin arrisca-se ser engolido pela fera que alimentou. De mão estendida.
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