Os Estados Unidos, a NATO, a Ucrânia, e diversos outros países estão profundamente preocupados com a ajuda militar que Pequim poderá fornecer à Rússia. Os avisos são fortes, os alertas não abrandam, e Xi Jinping estará na iminência de tomar uma decisão. Se é que ainda não a tomou. O eterno regime do PCC está a caminhar, perigosamente, para uma embrulhada que detestam: a de ter de optar por uma das partes num conflito, que é o oposto da sua tradicional capacidade de jogar em todos os tabuleiros.
Vender armas e munições a Moscovo poderá ser o negócio do século para Pequim, como já é para Teerão, e Coreia do Norte, mas essa mancha negra não se adequa às suas manobras. A equação de Pequim não é difícil de resolver, tendo em conta as variáveis. O mercado russo, mesmo o militar, é infinitamente menor do que o comércio com o Ocidente, e a mão de obra envolvida é a chave da tranquilidade política interna. Mas na política chinesa não há linhas retas.
O regime até parecia intocável, mas o verdadeiro teste ocorreu há pouco tempo, com o confinamento forçado de cidades e regiões, que levou a protestos abertos, violentos, e temerários, que obrigaram Pequim, e o presidente Xi, a abdicar da sua imagem de líder único, e todo-poderoso. Isto significa que uma alteração no modelo de ocupação laboral, funcionamento e estilo de vida dos chineses poderá ter um impacto dramático no poder do Partido Comunista Chinês.
Sendo assim, a China fará tudo para evitar, abertamente, uma ajuda militar à Rússia, mas há sempre milhões de formas e modelos para fazer chegar a Putin, o que ele precisa. Sem dar nas vistas. Sem correr riscos. Munições de artilharia passam despercebidas, mas o mesmo não acontece com outros equipamentos, como drones, mísseis e aviões. Os chineses sabem, como ninguém, que quando escolherem o lado russo estarão a abrir uma revolução interna.
O Partido Comunista Chinês já não é o que era, nem a Rússia de Putin a melhor aliada. Agradou muito a Pequim verificar, em tempo real, a fraqueza e debilidade do poder militar russo, mas isso também causou um calafrio interno: as forças armadas chineses ainda são, apesar da mudança acelerada, uma imitação de fraca qualidade dos russos. Em estratégica, controlo e comando, e equipamentos. De avassalador, e imbatível, só têm a sua mão de obra militar. Nunca se esgota.
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