Estava tudo montado para a chacina da CEO da TAP, no Parlamento. Não aconteceu. Não morreu. Não resultou. Christine Widener saiu da Comissão sorridente, bem-disposta, e orgulhosa do seu feito: conseguiu calar a fúria, e apontar para quem cometeu os erros. Saiu vitoriosa do tiro aos pratos, uma disciplina que requer total atenção, rapidez de resposta, e acurada visão periférica.
A CEO da TAP, diga-se, ficou mais forte no Parlamento, que involuntariamente deu credibilidade à sua gestão na companhia aérea. As perguntas dos deputados foram respondidas, abertamente, e sem truques de linguagem: Alexandra Reis saiu da TAP por incompatibilidade com o modelo de reestruturação, a indeminização foi negociada e aconselhada por um escritório de advogados de renome, para que não existissem dúvidas legais, o valor foi comunicado ao secretário de Estado da Tutela, por escrito, que concordou, e a comunicação à CMVM constava dos anexos do acordo entre as partes.
A CEO tinha a resposta na ponta da língua, e nunca deixou de desfazer qualquer equívoco. Atirou para cima de quem a aconselhou, e de quem aprovou, limitando-se ao papel de cumprir as indicações do acionista Estado. O mesmo que colocou Alexandra Reis na NAV, pouco tempo depois, sem sequer informar a chefe da TAP. Também não precisava.
Sempre sorridente, disponível, e com uns óculos de fugir, Christine mostrou aos deputados, e por arrasto aos portugueses, que foi uma boa escolha para a TAP, que este ano terá receitas como não via há mais de uma década, e bons resultados, presume-se. Para ela acabou caso Alexandra Reis, e os outros que se amanhem. E respondam. Falta a investigação da IGF, e da CMVM, mas a exposição da sua linha de decisão, e de cobertura superior, e lateral, dos advogados, dá-lhe completo sossego. É certo que toma algumas decisões inverosímeis, e irrefletidas, mas jura que pôs a TAP na ordem e a dar lucro.
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