O ataque a Brasília dos radicais de direita de Bolsonaro, com a cumplicidade de algumas forças de segurança, colocou todas as democracias em sobressalto. Foi um golpe montado há meses, desde a derrota do ex-presidente, que visava neutralizar os poderes constitucionais, com a ocupação e a destruição das suas instalações, e nesse caos obrigar as Forças Armadas a tomar conta da situação. Em seu favor, claro.
Não correu bem, e o primeiro sinal veio do poder Executivo: o Presidente Lula, com 8 dias de cargo, chamou as forças federais de segurança, com toda a urgência, e em três horas a situação ficou controlada. Há centenas de presos, o acampamento às portas do quartel-general foi desfeito, e a identificação de todos os golpistas está a ser processada.
Mas se morreu o golpe em Brasília, para grande espanto de Jair Bolsonaro, que até teve de ser internado, há agora a necessidade de as autoridades apurarem quantos governadores do Partido Liberal estiveram envolvidos nesta conspiração, incluindo o do Distrito Federal de Brasília, e até que ponto as forças de segurança foram coniventes com esta tentativa de derrubar os três poderes constitucionais.
O que aconteceu em Brasília é muito pior do que aquilo que se passou no Congresso americano, e os dois anos de Biden têm arrefecido o MAGA (Make America Great Again), com uma grande ajuda de Trump, e das suas confusões políticas e pessoais. Os EUA continuam divididos, mas nas intercalares mostraram que já não acreditam no ex-presidente. O Brasil está muito longe de alcançar essa serenidade, e o presidente Lula terá de ser o elemento-chave da mudança. Os seus discursos têm de ser mais inclusivos e abrangentes, e isso faltou na tomada de posse.
Internado ou não, Bolsonaro acabará como Trump: sozinho, desfasado da realidade, e politicamente perdido. E tal como o MAGA vai implodindo lentamente, e irremediavelmente, também os extremistas da direita brasileira vão perder a força e o sonho de um golpe de Estado militar. Que início de 2023!
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