Há uma pandemia na Rússia, que está a dar cabo dos oligarcas. Tem sempre os mesmos sintomas, e desfecho. Os primeiros sinais surgem quando se diz mal da guerra, e de Putin. Subitamente aparece febre alta, incontrolável, que desencadeia uma vontade suicidária fulminante. Não é a febre hemorrágica, mas parece. Não há vacinas conhecidas, nem medicamentos eficazes. Os oligarcas estão a desaparecer, a um ritmo assustador. São contaminados, não importa a idade ou o dinheiro, e suicidam-se, sem mais. Repentinamente. Inopinadamente. Bruscamente.
Há uma outra doença, difícil de classificar, e pouco conhecida, que também está a atingir as chefias e os operacionais dos serviços secretos russos. É mais leve, mas na verdade já inutilizou 150 membros, que estão em paradeiro incerto. Ninguém sabe se estão fechados em casa, se numa instituição hospitalar, se na Sibéria, mas as baixas são elevadíssimas. E não param de subir.
Esta «coisa» invulgar, que não parece ser um vírus, nem uma bactéria, e muito menos um fungo, já circula pelas chefias militares, e está a propagar-se pela cadeia hierárquica. Alguns que estavam no ativo já não aparecem, e todos aqueles que se mostravam confiantes, e inchados, estão a passar por momentos de grande aflição física. E mental, certamente.
Estes casos, que se acumulam diariamente, já estão a preocupar o presidente russo. Deverá ser por isso, aliás, que agora revela um ligeiro tremor nas mãos. E é capaz, pela primeira vez, de ter alguma razão. A mistura de oligarcas, com serviços secretos, e forças armadas, pode ser explosiva para Putin, o seu ministro da Defesa, o chefe do Estado Maior General, e o conselheiro de Segurança Nacional. A trupe invasora da Ucrânia. Ainda nenhum deles apanhou a febre suicidária, mas esta pandemia ataca todos, a um certo nível, e resulta, sempre, em tragédia. Será por isso, eventualmente, que os serviços secretos americanos e britânicos acham que Putin não vai safar-se?
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