O primeiro-ministro e o Governo, e por tabela os que o aconselham, estão a cumprir com rigor as fases de desconfinamento e particularmente o ritmo a que cada concelho pode avançar, parar ou recuar. Isto é um bom plano, todos sabemos com o que contar, e de que forma é que a matriz de risco nos vai colocando mais ou menos alerta. Desta vez existe uma estratégia sólida, mas não foi nada fácil chegar aqui.
Segunda-feira a quase totalidade do país entra numa abertura generalizada, e a partir daí, até meados de maio, teremos a certeza se o que já estamos a verificar agora é o início da 4ª vaga, que acontecerá sempre, mas que muitos acreditam que terá um impacto menos dramático do que a anterior. É arriscado e sem nenhuma base sólida conseguir prever essa passagem do furacão, com uma categoria inferior, e danos menos dramáticos.
O PM acredita, e disse, e reafirmou, e garantiu que até ao final de maio estarão totalmente vacinadas as faixas etárias a partir dos 70 anos. Estamos a falar de um mês e meio, e com um ritmo de vacinação diário de 50 mil doses não será possível. Obviamente que o final de maio poderá ser final de junho ou julho. Sempre que avançámos com esse tipo de objetivos nunca conseguimos cumprir, por todas as razões. É preciso repetir que só temos, ao dia de hoje, 6 por cento da população vacinada, e destes ainda não estão 100 por cento das pessoas com mais de 80 anos.
Não depende do PM, do Governo, das autoridades sanitárias, e na verdade de ninguém, que não sejam as farmacêuticas, as suas capacidades de produção, e as pressões a que estão sujeitas pelas suas nações e governos. Isto não é uma ciência não exata, nem aproximada, e umas vezes parece estar tudo a começar a correr bem, e logo a seguir chega uma notícia desanimadora.
Deveria o Governo aguardar mais uma quinzena, como defenderam vários especialistas? Sim e não. Sim porque sabe que os indicadores estão a piorar, e para a semana começam a juntar-se os da segunda abertura, e não é salutar, para ninguém, mantermos este jogo: abre e fecha, fecha e abre. E não, não deveria mudar as fases da estratégia, sem sinais vermelhos muito claros, pela simples razão de que essa programação dá esperança e futuro às pessoas, às famílias e à economia.
A única coisa que um Governo não pode fazer, porque assim estaria lavar as mãos das consequências, é atirar toda a responsabilidade para cima dos portugueses. Se correr mal foi por vossa culpa e desleixo. Não, se correr mal, na 4 ª, é apenas porque não conseguimos atingir a imunidade de grupo num tempo idêntico ao de outros países. E isso é direta e única responsabilidade do Governo. Aguardemos pelos boletins do segundo e terceiro furacão, que é o mesmo que dizer da segunda abertura, e da que começa na segunda-feira. Talvez seja mais avisado.