De repente a sensação que paira é de que voltámos todos ao recreio da primária, agora primeiro ciclo, com os diversos grupos de catraios ao soco e pontapé, para ver quem ficará com a posse do campo de jogos.
Ao primeiro toque o campo foi ocupado por MR que não achou graça a que o menino AC tenha chamado para árbitro o companheiro G com quem MR não ia à bola nem numa peladinha.
Ressabiado, a murmurar para dentro – “ hás-de pagar-mas!” – o menino MR, da turma dos mais velhos, aproveitou um “sopro” dum companheiro de que teria visto o AC a copiar e toca a chamar a professora que não se fez esperar e ali logo decidiu que o caso era grave.
Antes que lhe tirassem o campo e farto do jogo, AC decidiu recolher à sala e fazer uma pausa, aproveitando para rever a matéria dada.
Entretanto, o campo ficou vazio e tudo recolheu até novo recreio.
E é isto.
Dizia, em horário nobre, um ilustre causídico que não faria a injúria ao Ministério Público pensando que teria havido má-fé na condução do processo. Creio que nenhum de nós fará tal, porquanto isso seria assumir que nos encontrávamos, não num Estado de Direito, mas num estado judiciário e policial, bastante coincidente com uma ditadura camuflada. Agora que a “coisa” foi feita com pouco cuidado, ah, isso foi
Um golpe palaciano a fazer lembrar um teatro de “Robertos” (para os mais novos um esclarecimento: Robertos eram as marionetas que atuavam como saltimbancos em teatrinhos improvisados, habitualmente na rua) levado à cena num Portugal dos pequenitos.
Ironias à parte, esta crise na qual o País mergulhou é preocupante, e ainda mais perigosa porquanto, à medida que o tempo passa, nos vamos apercebendo do que parece ser uma farsa montada com um determinado objetivo.
Dizia, em horário nobre, um ilustre causídico que não faria a injúria ao Ministério Público pensando que teria havido má-fé na condução do processo. Creio que nenhum de nós fará tal, porquanto isso seria assumir que nos encontrávamos, não num Estado de Direito, mas num estado judiciário e policial, bastante coincidente com uma ditadura camuflada. Agora que a “coisa” foi feita com pouco cuidado, ah, isso foi.
Ora essa leviandade no tratamento da Justiça perante uma das mais altas figuras do Estado, leva-nos a temer, pobres e anónimos cidadãos, cair de alguma forma nas más graças desta ou daquela corporação que possa instrumentalizar a Justiça.
Mesmo que a tal montanha venha a parir a formiga, o certo é que a gestação e o alarido quanto à prenhez feita nos órgãos de comunicação social é tal que o desgraçado se vê condenado a uma pena perpétua e à morte política, cívica, profissional ou outra.
Quando não se confia totalmente no sistema de Justiça e se temem as forças de segurança, é a democracia que fica em causa.
Goste-se ou não da figura, Costa foi, indiscutivelmente, o grande estadista depois dos anos gloriosos do pós-25 de Abril onde brilharam Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral. Outros mais houve que honraram a política e que sabiam fazer política.
De há uns anos a esta parte, o País está governado por aquilo a que se chama à boca pequena de “jotinhas”. Sim, Costa teve uma enorme culpa nisso, mas tal não lhe retira o rasgo que fazia dele praticamente e se preciso fosse o “one man band” do concerto governativo.
Nada contra as novas gerações. Até porque elas serão velhas não tarda. Basta aguardar a passagem de tempo.
Mas é desse tempo, desse mundo, dessa experiência fora da estrutura partidária que carecem.
Quem nunca teve outra experiência que não tenha sido a militância, não pode entender as necessidades dos seus concidadãos, os seus anseios e receios.
Além de tudo o mais, não possuem respaldo (ou seja, estão confinados e obrigados a tudo fazer para sobreviverem junto à mesa do poder) e esse é o maior dos perigos, pois que mata qualquer massa critica que possa surgir.
Os cargos políticos deveriam ser exercidos por quem não necessita da política. Deviam ser o lugar de sábios, mesmo que jovens, pois que os há com experiência profissional e de vida, por vezes bem mais rica que vetustos anciãos.
Não é uma questão de idade. É uma questão de mundividência e independência intelectual e económica.
Estamos mergulhados numa crise e, nesse aspeto, seguimos o roteiro europeu.
Precisamos urgentemente de adultos responsáveis na sala.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.