Têm sido dias agitados. Nada que não se esperasse. É só Marcelo sendo… o Presidente Marcelo.
Portugal acompanhou com espanto a forma como fintou o protocolo e chegou a pé ao Parlamento a passo rápido com os seguranças a correr atrás de si. Quatro dias depois, foi visitar a exposição da VISÃO sobre violência doméstica no Largo de Camões, e mais uma vez, dispensou os protocolos do costume: não disse nada a ninguém e, depois de um dia a esbanjar charme, distribuir beijinhos e a tirar selfies no dia de Belém de portas abertas, meteu-se num carro e seguiu para o Chiado com o fotógrafo José Carlos Carvalho, coautor do trabalho, que lhe fez uma visita guiada informal. Seguiu a pé para a Livraria Sá da Costa para a inauguração da exposição de pintura de Pedro Homem de Mello, onde disse mais meia dúzia de piadas e distribuiu outros tantos abraços.
Este é, definitivamente, o chefe de estado mais “normal” que Portugal já viu, e isso é bom para criar consensos e aproximar os Portugueses desencantados da política. Algo evidente até para uma criança: “Não devia ser um pouco mais… sério? É tão divertido, faz-me mesmo lembrar o Obama!”, ouvi este fim de semana do meu filho de 8 anos. Está certo. Hiperativo, dono de enorme astúcia e visão estratégica, uma rara habilidade social, simpatia e humor naturais, Marcelo é o verdadeiro animal político que não é um político convencional. Que lufada de ar fresco!
Neste caso, o homem normal é também o Presidente mais imprevisível que Portugal já viu. Ninguém consegue traçar padrões a Marcelo, aritmética aborrecida e aferível não é com ele. Nunca se sabe o que lhe vai na cabeça, para onde pode pender ou o que lhe diz o seu faro para fazer – tédio para os lados de Belém é coisa da qual, com elevada probabilidade, não vamos padecer. E isso é algo verdadeiramente novo para a nação… e quiçá um bocadinho assustador.