Portugal continua preso a uma contradição estrutural: trata as empresas como inimigas. O tecido empresarial é visto como uma fonte de receita a explorar, um risco a controlar ou, pior ainda, um mal necessário.
Basta olhar para o sistema fiscal. A carga não é apenas elevada — é sufocante. As empresas são penalizadas à medida que crescem, num sistema que castiga o sucesso em vez de o premiar. Junta-se a isso uma burocracia densa, incoerente e desmotivadora, que transforma qualquer passo numa maratona de papelada, pareceres e obstáculos.
Depois vêm os famosos incentivos e apoios, os chamados fundos europeus, praticamente inacessíveis às PME — ou seja, à esmagadora maioria das empresas portuguesas. São técnicos, lentos, complexos. E exigem estruturas que muitos negócios não têm para os entender, quanto mais para os receber. Esta é uma verdade pouco falada em Portugal.
Ainda mais preocupante é o ambiente cultural. O discurso político e mediático mantém uma visão hostil ao lucro, ao empresário e à ambição. O sucesso é visto com desconfiança. O empregador é tratado como suspeito por defeito. Esta mentalidade estatizante afasta investimento, trava crescimento e desmoraliza quem tenta inovar.
Enquanto isso, países de leste avançam. Crescem, superam Portugal em vários indicadores e demonstram uma verdade simples: quando o Estado aposta nas empresas, o País avança. Quando as bloqueia, tudo estagna.
Se queremos inovação, emprego e um país com futuro, temos de mudar. O Estado tem de deixar de ser obstáculo e tornar-se facilitador. Menos impostos punitivos. Menos burocracia. Mais confiança. Mais visão.
Enquanto tratarmos as empresas como inimigas, Portugal continuará a perder. É necessária uma mudança disruptiva no papel e atitude do estado face às empresas.
Talento. Investimento. Oportunidades. Está nas nossas mãos mudar.
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