Se outubro é rosa, novembro é azul. Neste que é o mês dedicado à saúde do homem, um pouco por todo o mundo são realizadas ações de sensibilização para a importância de um diagnóstico precoce das doenças que o afetam, sobretudo o cancro da próstata e do testículo.
Deixar crescer o bigode durante estes 30 dias é um desafio lançado a todos os homens, como símbolo do apoio a esta causa e ao movimento que ficou conhecido como Movember.
Cancro da próstata
O cancro da próstata é o mais frequente e a terceira principal causa de morte nos homens na Europa, com importantes consequências individuais e para os sistemas de saúde.
Em Portugal, estima-se que hajam cerca de seis mil novos casos por ano e a sua incidência tem vindo a crescer, com o aumento da esperança de vida da população.
Embora a idade média do diagnóstico do carcinoma da próstata seja de 69 anos, mais de 10% ocorrem em homens com menos de 55 anos, pelo que não se deve assumir que se trata de uma doença do idoso sem risco de vida. A deteção precoce e do tratamento eficaz são fundamentais para garantir a longevidade e uma maior qualidade de vida .
Como é detetado o cancro da próstata?
Estes tumores desenvolvem-se lentamente e, numa fase inicial, não causam sintomas, o que significa que queixas como jato urinário fraco e aumento da frequência miccional diurna ou noturna são causados maioritariamente por outras doenças, tais como o aumento benigno da próstata (HBP).
Sendo assim, a sua deteção precoce é efetuada através da conjugação de uma análise de sangue com doseamento do PSA e do toque retal realizado pelo urologista. Consoante estes resultados, poderão ser necessários outros exames como o RNM multiparamétrica da próstata e, por fim, a biópsia prostática, que confirma o diagnóstico.
Qual o tratamento?
Atualmente, o carcinoma da próstata é uma doença curável quando detetado na sua fase inicial. Existem vários tratamentos disponíveis, cuja escolha depende de fatores como o estadio e a agressividade da doença, o estado geral de saúde e a preferência do doente.
Os tratamentos clássicos incluem a cirurgia radical, que consiste na remoção da totalidade da próstata, e a radioterapia, na qual as células cancerígenas são destruídas por feixes de radiações ionizantes. Embora possam garantir o controle oncológico da doença, estes tratamentos implicam, em muitos casos, efeitos adversos importantes, tais como a disfunção eréctil e a incontinência urinária, podendo assim ter um impacto negativo na qualidade de vida do homem.
De forma a minimizar estes efeitos indesejados, têm sido desenvolvidos tratamentos não radicais, que permitem tratar o cancro da próstata evitando a mobilidade associada aos tratamentos convencionais.
Tratamento não-radical do cancro da próstata
Consiste no tratamento do carcinoma da próstata de forma precisa e menos invasiva, tratando apenas a área da próstata afetada pelo cancro, com preservação dos tecidos circundantes, o que garante a integridade das funções urinária e sexual. Este método reduz significativamente os efeitos secundários dos tratamentos radicais, evitando-os ou adiando-os, mantendo assim a qualidade de vida dos doentes, sem comprometer a sua eficácia oncológica.
Para serem elegíveis para o tratamento não-radical, os doentes com cancro da próstata devem ser diagnosticados numa fase inicial da doença, quando este ainda está localizado a uma zona da próstata, e devem aceitar a necessidade de uma estreita vigilância ao longo do tempo.
O diagnóstico precoce e preciso do cancro da próstata é obtido mediante biópsias de alta tecnologia que permitem delimitar com exatidão a localização e extensão do mesmo, o qual é posteriormente alvo da terapia robótica avançada, que utiliza ultrassons de alta intensidade para tratar diretamente o tecido cancerígeno, poupando o circundante.
Após este tratamento, é fundamental manter um protocolo de vigilância rigoroso, ajustando o tratamento conforme necessário, de forma a garantir os melhores resultados a longo prazo.