A primeira semana deste mês irá passar para a história como aquela em que se testou a semana dos 4 dias em Portugal. Numa experiência piloto menos sexy do que inicialmente se anunciou, são mil os trabalhadores (oriundos de um instituto de investigação, uma creche, um centro de dia, um banco de células estaminais que trabalha sete dias, e empresas do setor social, indústria e comércio) que, de alguma forma, têm a missão de demonstrar ou não se 4 dias por semana bastam para se produzir o mesmo que em cinco.
Enquanto uns (poucos) testam 4 dias de trabalho, outros desdobram-se para incrementar a sua fonte de rendimento através de dois empregos. Os números são do INE e revelam que o número de pessoas com “atividade secundária” aumentou 4,5% no primeiro trimestre face ao final de 2022. Em percentagem não parece muito, mas o Jornal de Negócios revelou ser 5,2% da população empregada, 255 mil pessoas. Poderíamos pensar que “é normal”, que um agricultor, por exemplo, tem, regra geral, dois empregos. Mas, a estatística é mais fina e mostra que é o setor dos serviços o que mais leva os trabalhadores a procurarem segundos empregos, são quase 230 mil pessoas.
Como já escrevi várias vezes, somos, do ponto de vista social, um país a muitas velocidades, com muitas realidades. Pelo lado das empresas a velocidade também não é constante, nem há duas organizações iguais, mesmo quando se cultiva o “Work Life Balance”.
Se sou a favor da semana de 4 dias? Sou a favor de se testar um modelo baseado na produtividade e não nos dias e horas de trabalho – exceto, claro, nas profissões em que as horas contam. A felicidade no trabalho deve ser uma realidade, além de que poderá dar novo impulso à indústria respetiva. O que não pode acontecer é o lazer ser ofuscado por um novo emprego, pela necessidade de exercer uma segunda atividade, dada a crise que se vive e onde os salários auferidos por muitas pessoas não são suficientes para fazer face às despesas correntes.
No meio de todo este turbilhão, a boa notícia veio do lado das PME, que, de acordo com a 2ª edição do Barómetro Heróis PME, da Yunit Consulting, perspetivam um crescimento entre 10% a 30% para os próximos três anos. Sabendo que mais de 90% do tecido empresarial nacional é PME, mantenho a esperança na coragem e ousadia para fazer a diferença.
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