No passado dia 8 de março foram apresentadas as conclusões dos dois projetos piloto para a devolução de embalagens de bebidas através de máquinas automáticas RVM (Reverse Vending Machines) instaladas em superfícies comerciais, co-liderados pela Águas Minerais Naturais e de Nascente, no quadro de parceria com a Associação Portuguesa das Bebidas Refrescantes não alcoólicas (PROBEB) e a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).
Estas experiências permitiu-nos retirar muitos ensinamentos nas diferentes componentes dos projetos, ao nível dos consumidores, da indústria, do retalho, dos fornecedores e dos recicladores, tendo sido também uma oportunidade para que diferentes entidades pudessem ganhar conhecimento numa solução de recolha de resíduos de embalagem de bebidas através de máquinas automáticas (RVM) até aqui inexistente no nosso País e desconhecida para a maioria os portugueses.
Desde logo, permitiu que os consumidores participassem numa experiência diferente para o encaminhamento dos resíduos de embalagem, conveniente, agradável e compatível com o fluxo semanal das compras familiares e aferir da sua disponibilidade para responder positivamente a incentivos, aceitando desafios ambientais.
Permitiu aos produtores de bebidas uma maior consciencialização relativamente aos temas do design para a reciclagem, de modo a garantir a correta aceitação das embalagens pelas máquinas, mas também a necessidade imperativa da criação de fluxos de reciclagem de alta qualidade.
Permitiu aos retalhistas conhecer as condições necessárias para a operação das máquinas RVM nas suas instalações.
Permitiu aos fornecedores de RVMs o conhecimento do mercado de bebidas nacional e a formação de equipas, de modo a que possam estar melhor preparados para o arranque do Sistema de Depósito e Reembolso (SDR).
Permitiu aos recicladores avaliar a qualidade do material recolhido e das vantagens da criação de fluxos de materiais individualizados e mais limpos, com baixo nível de contaminação permitindo a produção de material reciclado seguro para produção de novas garrafas de bebidas.
Espera-se que o sucesso destes projetos possa agora permitir à Tutela política reforçar a urgência da adoção de um sistema de depósito em Portugal.
Para a preparação da implementação deste Sistema de Depósito, a Lei n.º 69/2018 determinou, numa primeira fase, a implementação de um sistema de incentivo, ao consumidor final, sob a forma de projecto-piloto, mas determinou também o arranque de um sistema de depósito e reembolso ( SDR) a partir de 1 de janeiro de 2022 e já perdemos 1 ano e 2 meses (mais do que isso se contarmos o tempo necessário à implementação do sistema ), contribuindo para a prevalência de um modelo de gestão de resíduos baseado numa económica linear, em detrimento de uma solução que visa promover uma economia mais circular que conduza a um aproveitamento sustentável dos recursos naturais e a redução do uso de matérias primas virgens.
Sendo esta urgência ainda mais premente face aos exigentes desafios que decorrem da recente proposta do Regulamento Europeu de Resíduos de Embalagem. Portugal e as empresas portuguesas de bebidas não conseguirão alcançar as metas de redução da produção de resíduos de embalagem, nem as metas de reciclagem e tão pouco as metas de incorporação de reciclado, que estão a ser discutidas ao nível europeu, sem a adoção de um sistema de depósito para as embalagens ( SDR ) de bebidas, seguindo o exemplo do modelo já implementado em 13 países europeus e com provas dadas ao nível do atingimento de elevadas taxas de retoma, bem como da promoção da reciclagem de alta qualidade que permita contribuir para o fecho do ciclo dos materiais das embalagens de bebidas.
Acreditamos que esta abordagem vai permitir a circularização das embalagens de bebidas.
Não podemos, nem nos vamos conformar com um cenário de estagnação da taxa de retoma de embalagens, quando estamos preparados para implementar um sistema de em menos de 2 anos poderá alcançar os 90%.
Aumentar a taxa de retoma e promover a circularidade das embalagens é a visão da Águas Minerais e de Nascente com os olhos postos na implementação de um sistema de depósito, no qual retalhistas e produtores têm vindo a trabalhar arduamente, desde logo através da constituição da SDR Portugal – Associação de Embaladores.
Só falta mesmo a publicação de uma regulamentação adequada.
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