Dizem que “a agricultura é a arte de saber esperar” e em boa altura chegam notícias que este setor é um dos prioritários do governo português para a próxima década. Impulsionar a agricultura para assegurar a autonomia do país e promover a sua sustentabilidade com base na inovação e modernização vão, literalmente, fertilizar um importante pilar da economia nacional.
Tive a oportunidade de ver de perto a dimensão e o valor deste setor ao visitar diversos players que se estão a instalar no nosso território, em especial na região do Alqueva, o maior lago artificial da Europa. Vi pessoalmente uma profissionalização da agricultura nunca antes vista, com recurso às mais avançadas técnicas de agricultura de precisão e a equipas de profissionais altamente qualificados.
Estando no leme da CBRE em Portugal, não deixei de me perguntar se os brilhantes resultados da área de Agribusiness da CBRE noutros mercados, como a América ou a Austrália, não poderiam acontecer também no nosso país. Nós temos condições fantásticas para a agricultura, que são muito valorizadas por quem por cá pretende investir, nomeadamente o número de horas de sol e o acesso a água para irrigação das culturas permanentes.
Note-se que o setor agrícola já provou nas duas ultimas décadas a sua capacidade exportadora e de crescimento, mesmo em tempos adversos, até quando Portugal se encontrou sob o Programa de Assistência Económica e Financeira, em 2011. Isto porque é um setor tão imparável como a Natureza, pois é parte integrante dela e, mesmo exposta a desafios permanentes, é resiliente, tal como a nossa extensão agrícola e os nossos produtores. A prova da resiliência deste setor, por vezes desvalorizado, é que ao longo dos primeiros meses da pandemia não parou e conseguiu garantir de forma exemplar o abastecimento de todas as superfícies comerciais com os demais alimentos. Mais ainda, a tecnologia tem impulsionado a reestruturação de vários negócios e o setor agrícola não ficou de fora. Este processo de transformação e de modernização resultou numa agricultura mais sustentável e trouxe com ele novos negócios ligados ao canal agrícola.
De fato, sendo a agricultura rica e diversificada, oferece inúmeras oportunidades de investimento ao capital institucional, nomeadamente no imobiliário, cuja aposta está a florescer um pouco por todo o mundo. Tal como a hotelaria, os escritórios, o residencial e a logística, também os imóveis rurais estão a afirmar-se como um fator de atração e captação de investimento.
Ora, Portugal conta com uma relevante e diversificada extensão rural, que acarta desafios acrescidos a investidores e proprietários que não encontram um apoio especializado. Para responder a esta necessidade, criámos a CBRE Agribusiness, uma linha especializada de serviços de transação, consultoria e avaliação para o setor agrícola, que liga os proprietários e operadores agrícolas aos investidores internacionais neste setor.
A procura por ativos neste setor tem origens bem distintas, que vão dos grandes fundos de investimento internacionais aos pequenos grupos, todos encarando os imóveis do nosso país como um ativo seguro de investimento. Por sua vez, a oferta agrícola no nosso país é tão variada e em expansão, que fez desta nova área um segmento essencial para a CBRE.
É de realçar que Portugal se apresenta como uma ótima oportunidade de
investimento uma vez que o custo de aquisição da terra é bastante inferior
quando comparado a outros países, assim bem como os custos de mão-de-obra qualificada
são também inferiores. Além destes fatores, Portugal tem diversos perímetros de
rega com muito potencial, permitindo assim o investimento num tipo de
agricultura mais competitiva e muito valorizada.
Contamos que a procura por este tipo de ativos irá aumentar significativamente, na medida em que o acesso a alguns dos mais relevantes investidores corporativos internacionais vai facilitar o surgimento de grandes oportunidades de negócio.
Toda esta dinâmica vai potenciar uma cadeia de valor mais inovadora, profissional e competitiva na agricultura, que passa também pela consciencialização para a proteção dos recursos naturais, um dos principais ativos do país.