Quatro amigos juntam-se à mesa para conversar. Como é que sabemos que um deles é casado? Resposta: é o único que não está a responder a uma qualquer mensagem no telemóvel. Os outros três não tiram os olhos do ecrã; fazem corar o senhor Pavlov e salivam a cada som de campainha que anuncia mais uma mensagem no Facebook e o advento de um novo round de charme virtual; e escrevem, escrevem e escrevem – muito, mas curto e grosso, como diz o povo sem qualquer insinuação anatómica. A avaliar pelo entusiasmo, tudo leva a crer que estão ali os novos Camões e Almeida Garretts; a avaliar pelo empenho, dir-se-ia que a Internet conseguiu aquilo que muitos movimentos líricos, ideológicos e literários ficaram aquém de alcançar: em cada homem, um poeta; em cada poeta, uma conta de Tinder; em cada amizade de Facebook um novo cancioneiro.
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