O ex-primeiro-ministro Passos Coelho foi à campanha da AD e afirmou que Portugal tinha um problema com a segurança e ligou isso ao aumento da imigração.
Não vale a pena informar Passos Coelho que somos dos países mais seguros do mundo porque ele sabe. Também é inútil dizer-lhe que não há nenhum problema de segurança que se possa ligar à imigração porque ele também não o ignora.
Não hesitou em mentir, mas isso nem foi o pior: ajudou a colocar em perigo pessoas que trabalham honestamente em Portugal e em contribuir para um discurso xenófobo de ódio.
Foi um ex-primeiro-ministro de Portugal que fez isto. Fê-lo conscientemente e sabendo os efeitos que provoca.
O ex-líder do PSD foi apenas amplificar o discurso securitário e anti-imigração que os movimentos populistas fazem por esse mundo fora. Replicou palavra por palavra o que André Ventura e o resto da maralha antidemocrática anda a gritar e logo num palanque de um partido que é pilar da democracia portuguesa.
Na plateia do comício estavam vários dirigentes da AD. Vi-os aplaudir esta passagem do discurso, vi-os sorrir com aquelas palavras. Talvez estupidamente convencidos de que incentivar ao ódio e espalhar mentiras os ajude a tirar votos a quem se especializou nessa tarefa, talvez criminosamente convencidos de que se pode pôr em perigo pessoas por simples cálculo político.
As camaras de televisão não apanharam Luís Montenegro. Gostava que tivessem apanhado para ver a reação dele. Seria importante para muita gente que ainda não está segura das convicções e valores políticos do presidente do PSD, talvez mesmo pudesse ser importante para que pudessem decidir o voto. Mas há sempre a possibilidade de lhe perguntarem o que achou destas palavras de Passos Coelho. Pelo menos a mim ajudava-me.
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