Num destes fins de semana chateei-me com a vergonha! De sentir vergonha de dizer que não conseguia mais e de ser transparente com os meus limites, comigo mesmo.
Num fim de semana com amigos no lago Tahoe, a poucas horas de São Francisco, decidimos juntos aproveitar a neve com snowboard.
No final do dia, tinha duas hipóteses: descer de elevador ou de prancha de snowboard. Decidi armar-me em corajoso e não escutar o meu corpo que me dizia, que estava cansado, mental e fisicamente. Mas a vergonha aliou-se ao meu comportamento habitual de não gostar de dizer que não e lá fui eu montanha abaixo, de prancha.
O que era suposto ser prazeroso tornou-se num terror, pois o cansaço venceu e a minha mente disse basta. Pedi ajuda e a guarda local levou-me de maca para a base da montanha, pois não estava em condições de descer, mesmo estando bem fisicamente.
O que aprendi foi que em qualquer idade se aprende, e que é preciso conhecer os nossos limites. Vergonha é um sentimento que vai existir, que não vale a pena ter vergonha da vergonha, nem vergonha de pedir ajuda.
O desconfortável sentimento da vergonha deu-me oportunidade para me lembrar que tenho de conhecer os meus limites. Há seis anos, não conseguia praticar este desporto, por exemplo, apenas sonhava com isso. Mais, ao estar obcecado com o destino, esgotei-me mentalmente, e reparei que nem estava a aproveitar a jornada, que neste caso era uma vista linda de montanha de neve.
Não há nada igual a continuar a aprender e saber que, no processo de sair da minha zona de conforto, o mais saudável é fazê-lo de maneira segura e confortável, e de preferência com risadas e sem vergonhas da vergonha.