Carla da Silva, de 21 anos, foi condenada esta quarta-feira, por um tribunal de Caracas, na Venezuela, a 21 anos de prisão, por conspiração para derrubar o governo do país, juntamente com mais 8 pessoas, civis e militares, que terão, alegadamente, participado na “Operación Gedeón”, também conhecida como “Macutazo”, a 3 de maio de 2020.
No mesmo julgamento, mais 20 pessoas foram condenadas a 30 anos de prisão, decisão que foi confirmada pelo advogado Alonso Medina Roda, da organização não governamental (ONG) Coligação pelos Direitos Humanos, na rede social X.
De acordo com a Lusa, a sentença foi conhecida depois de uma audiência que durou mais de 15 horas e em que a jovem e os outros réus foram foram acusados por crimes de traição, conspiração, rebelião, tráfico de armas de guerra, associação para cometer crimes e financiamento de terrorismo.
Carla da Silva estava já detida preventivamente há mais de três anos – terá acontecido, de acordo com a imprensa venezuelana, a 5 de maio de 2020 – quando, em outubro do ano passado, a Foro Penal (FP), outra ONG, pediu às autoridades que a libertassem. “Carla da Silva é uma das presas políticas na Venezuela. Foi detida arbitrariamente em a 5 de maio de 2020, e encontra-se em ‘El Helicoide’ [prisão em Caracas], lugar do qual tanto se conhece porque vários presos políticos estão aí (…). Em conformidade com a nossa lei, deveria estar em liberdade, porque ninguém pode estar mais de três anos privado da liberdade preventivamente”, referiu o diretor da FP.
A detenção da jovem ocorreu durante uma festa infantil, onde conheceu uma mulher que, alegadamente, teria participado, dois dias antes, na “Operación Gedeón”. Carla da Silva terá sido levada por funcionários das FAES para La Quebradita, a oeste de Caracas, e interrogada, sendo que a família soube do seu paradeiro apenas 20 dias depois.
“Na minha casa há um lugar vazio na mesa, na cama, e quando acordo pela manhã não posso dar os bons dias à minha filha, nem a bênção, porque foi sequestrada, torturada”, disse a mãe da jovem, Miriam Marrero, num vídeo divulgado na internet.
Marrero acrescentou que Carla da Silva afirmou ter sido torturada por três funcionários das Forças de Ações Especiais (FAES).