Segunda-feira: É que o frio solidifica tudo, excepto a minha vontade de navegar.
Terça-feira: O meu maior medo é que todos concordem com o que digo.
Quarta-feira: Das características humanas, a superficialidade é a mais universal.
Quinta-feira: Descubro mundo inesperado das máscaras para dormir.
Sexta-feira: Oiço falar de um amigo que está perdido, com a idade.
Sábado: Acordo como sou, porque não tenho alternativa viável. Optimista desde o primeiro berro que dei, à parteira. Tomo um café que põe magicamente tudo preto no branco. Batem à janela do meu escritório. Não oiço o mar, mesmo que feche os olhos. Anoitece a meio do dia.
Domingo: Domingo é o dia em que me assaltam as dúvidas. É o dia da família alargada, mas só tenho família nuclear. É o dia do descanso, mas só quero descansar depois de morrer. A minha língua é a minha pátria, mas tenho três línguas. O meu optimismo é confrontado, arranhado, arrastado até se ajoelhar. O meu optimismo levanta-se e esmurra os contrapontos. Serão estúpidos, os pessimistas? Ou estarão à frente do seu tempo? Saber é melhor que não saber, ou é melhor não saber? Não sei. Mas amanhã é segunda-feira.
E não consigo ser mais Knausgaardiano que isto.