O funcionário responsável pela protecção de dados na Câmara Municipal de Lisboa foi exonerado e, ao que tudo indica, a protecção de dados na CML melhorou instantaneamente – tanto assim é que eu sinto que não tenho dados suficientes para compreender totalmente o que aconteceu. A exoneração foi aprovada com seis votos contra, apesar de haver sete vereadores que dizem ter rejeitado a proposta. Quem foi o misterioso vereador que afinal não votou contra? Não há dados, o que se saúda. Por outro lado, ao que parece, o funcionário foi exonerado por ter procedido exactamente da forma como a CML sempre procedeu. Porque ocorreu, então, a exoneração? Não há dados – ou, a haver, estão bem protegidos. Finalmente, o funcionário exonerado não pôde ir depor ao Parlamento, pelo que ficámos sem saber igualmente que dados iria ele revelar lá.
Sobre a razão que impediu o funcionário de ir depor ao Parlamento, não há dados – o que não surpreende. Podemos apenas fazer suposições, e eu faço as minhas. Creio que o funcionário foi impedido de prestar declarações aos deputados para proteger as instituições democráticas de uma vergonha. Em princípio, o ex-responsável pela protecção de dados na CML responderia a todas as questões dos deputados com um embaraçoso bé. Como sabemos, os bodes fazem bé. Imagino que os bodes expiatórios não se exprimam de modo muito diferente. Segundo ensina o Ciberdúvidas, os bodes balam, balem, berram ou bodejam – tudo atitudes que, receio, não ficam bem na Assembleia da República.