Foi no último domingo de calor. O sol, ainda triunfante, alindava as encostas por onde se faz e desfaz a Estrada Nacional 247. O lento passeio da fila de carros, o céu monotonamente azul, o zumbido dos insetos, as raparigas de calções à pendura nas motas, a calma do mar lá em baixo, pareciam negar a chegada do outono.
Há quase dois anos que faço este caminho várias vezes por semana. De cá para lá e de lá para cá. Estou a plantar um jardim do outro lado da serra. Um jardim em redor da casa velha para onde me mudarei quando tiver conseguido tratar dela. A renovação da casa tem-se feito de um vagar desesperante, enquanto, solícita, a natureza que a circunda se deixa cuidar com uma gratidão magnânima.