A dinâmica familiar pode trazer ansiedade, imprevisibilidade e tensão. E com isto, tanto os filhos como os pais podem tender a isolar-se ou, por outro lado, e o que contribui para uma crise familiar, discutir com aqueles que estão mais próximos. Um constrangimento que também afeta a nível individual.
A família é composta por elementos que têm relações entre si e que potenciam o desenvolvimento uns dos outros, onde cada elemento influencia outro. Assim, os comportamentos de certos indivíduos – que não sabem gerir as dinâmicas familiares cada vez mais exaustivas -, podem causar um impacto negativo na família e correrem o risco de serem mal interpretados, pelos filhos, por exemplo, influenciando-os nos seus comportamentos futuros.
Os afazeres e a rapidez do quotidiano podem dificultar as relações entre pais e filhos. Até porque a vida adulta e familiar está repleta de frustrações: ora porque é preciso ir levar e buscar os filhos à escola; ora alimentá-los, colocá-los a dormir e controlar os seus trabalhos de casa; ora porque é preciso mantê-los ativos com atividades extracurriculares, mas há falta de tempo e de dinheiro; ora porque é tudo em prol dos filhos e se esquecem da relação que têm de fomentar com o(a) parceiro(a); ora porque é preciso trabalhar aos sábados e não têm o apoio dos avós ou de outros familiares por perto; ora porque há contas imprevistas que caem em momentos inconvenientes e surgem mil coisas que exigem resposta ao mesmo tempo que as obrigações rotineiras.
Todas estas condições são entraves para uma boa saúde mental dos pais e uma boa dinâmica familiar. É natural que a frustração vá surgindo, e muito embora as emoções sejam uma parte fundamental do ser humano, carregar um desconforto emocional persistente no dia a dia pode tornar-se num fardo diário que ninguém deseja suportar. Para não falar nos sentimentos de apatia, insatisfação, mudança de humor, stress e vazio que estes vão sentindo com o tempo.
Quando estes sinais se aliam a situações de conflito familiar recorrentes, a problemas com o comportamento dos filhos e a dificuldades de comunicação com o(a) cônjuge ou outros elementos da família, talvez já esteja na altura de procurar ajuda profissional.
O psicólogo ensinará estratégias para gerir as emoções, de modo a recuperar a estabilidade e a reparar danos emocionais. Ajudará a compreender os sentimentos e a lidar com situações delicadas ou fonte de stress. E com quem poderá essencialmente desabafar, sem nunca se sentir julgado.
Ter as emoções à flor da pele faz parte, mas convém saber como orientá-las, pois é através destas que nos relacionamos connosco e com o mundo à nossa volta. Não esquecendo que cuidar de nós significa também abrir espaço para cuidar do outro.
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