Estamos a passar por um período insólito, inesperado e que provavelmente será único nas nossas vidas.
No imobiliário comercial, a chegada do Covid 19 trouxe um forte impacto nos negócios, como em quase toda a economia, e neste momento está tudo em suspenso até que se perceba melhor quando é que esta situação poderá estabilizar.
No segmento do arrendamento de escritórios, lojas e armazéns, grande parte dos processos que estavam a decorrer, mantêm-se, apesar de se sentir um ritmo mais lento, nas tomadas de decisão. Os novos processos são os mais preocupantes, já que ficaram todos estagnados. Este cenário leva-me a crer que, mesmo que tudo estabilize nos próximos 3 meses, é preciso tempo até que as consultoras imobiliárias como a nossa, voltem a uma certa normalidade.
Na área do investimento, todos os processos ficaram estagnados, até porque a paragem de viagens limita fortemente as decisões dos investidores internacionais, e por outro lado, a turbulência dos mercados financeiros, levam os decisores a ponderar e a optar por um “wait and see”. O imobiliário é hoje uma classe de ativos de investimento, como muitos outros e por isso o arrefecimento da atividade é inevitável, apesar do esforço coletivo para manter alguma normalização nos negócios.
Contudo, acreditamos que após esta fase negativa, muitas oportunidades surgirão e haverá uma pressão acrescida para que se cumpram os planos, num prazo mais curto, para rapidamente recuperar a capacidade produtiva.
Tudo irá depender, claro está, da profundidade da crise económica que virá associada a toda esta situação, mas acreditamos que será algo temporário e que haverá um forte apoio das autoridades, em toda a Europa.
Por outro lado, acreditamos que esta situação trará novos ensinamentos e consequentemente novas tendências, principalmente no que ao trabalho remoto diz respeito. Se o teletrabalho já era uma prática comum, pelo menos nalgumas empresas, acreditamos que após esta experiência, muitas outras irão adotar este tipo de formato.
Haverá uma maior formação para que os colaboradores tirem o melhor partido deste modelo, surgirão ainda mais novas ferramentas de apoio a esta realidade e consequentemente, haverá novas configurações dos espaços de escritórios, que terão menos área e uma utilização menos intensiva.
Em suma, estamos a passar por um período marcante para todos e que terá consequências num futuro próximo, em toda a sociedade e com reflexo na nossa vida e nas empresas, mas como em tudo, surgirão novas oportunidades e novos conceitos de trabalho e de espaços profissionais que permitirão reinventarmo-nos, como temos sabido fazer ao longo do tempo.
*Diretor-Geral da consultora Bprime