No começo de um ano novo, esta crónica volta-se para um momento de viragem para as marcas portuguesas, tivemos um acréscimo do turismo e do interesse sobre o nosso país. O entusiasmo das marcas portuguesas começou a focar-se em vender camas, roupas e comida e pode parecer justo, mas não chega para a grande marca Portugal nem para as próprias. Hotéis, marcas de roupa ou restaurantes não são somente prestações de serviços ou produtos. Para isso temos outros fora de Portugal com mais capacidade e investimento. Temos história ou narrativas para as nossas marcas ou não temos, teremos investimentos supérfluos e residuais a lutarem por vender e, depois, desaparecem sem raízes.
Da minha parte, falo de marcas de moda mas podemos apontar outras que entusiasmadas com o lucro, limitam-se à venda de produtos sem pensar no que fica depois disso. Marcas que nascem, e bem, mas que não pensaram no seu projecto de negócio, comunicar-se de maneira a fazer uma marca portuguesa. Uma marca que marca o entendimento do cliente e que entra no mindset da comunidade. Podem-me apontar uma que faz isso mas eu poderia apontar muitas que não o fazem, onde o trabalho da comunicação e das redes sociais parece uma “rua dos fanqueiros” virtual. Precisamos de profissionais na área da comunicação (que hoje em dia não se reduz a press releases ou redes sociais), e não entregar aos “amigos que dão um jeitinho” ou à família. Começar pelo seu país e depois, de uma construção de marca interna saltar para a comunicação para o exterior.
Portugal tem uma história de produção e design de moda, não somente de venda como fomos tantas vezes descritos, como na figura do Oliveira da Figueira (ver os livros de Tintim) caixeiro viajante a impingir produtos. Portanto, não chega participar em feiras sucessivas. Uma estratégia de negócio não nega uma estratégia de comunicação porque o futuro passa pelas duas combinadas, senão entramos todos na lógica do “taberneiro” e não da marca Portugal. Uma estratégia de negócio não sobrevive sem uma estratégia de comunicação, é uma falha comum achar isso.
Podemos fazer marca, todos e não ficar à espera somente da iniciativa estatal ou supra-estatal.
A Marca Portugal está a começar a dar os primeiros passos internacionalmente, com um esforço concertado de governos e associações. Esforços de congregar as iniciativas de moda em Portugal e no estrangeiro, apresentar um país sob uma marca de exigência e de qualidade. Por-se como par de outros países que já conseguiram construir uma marca própria.
Nesse sentido, no final de 2018, aconteceu uma iniciativa que coloca a marca Portugal no campo da moda, a par com outros países. Unindo design e confecção, história e negócio na construção de uma marca duradoura.
MODAPORTUGAL | Fashion Design Competition
Os grandes vencedores do MODAPORTUGAL | Fashion Design Competition foram Zhikai Yang da Esmod Paris (França) na categoria de design de moda, e Stephanie Grosslercher da Polimoda (Itália) na categoria de design de calçado. Ambos levaram para casa um prémio monetário de 7.500€.
Foram ainda distinguidos por país em design de moda, Artur Dias do Modatex (Portugal), Carolina Koziski do IED Madrid (Espanha), Frank Lin da AMD – Akademie Mode&Design (Alemanha), Giulia Masciangelo da Polimoda (Itália) e Yelim Cho do London College of Fashion (Reino Unido). No calçado venceram Beatriz Vasconcelos da Academia de Design e Calçado (Portugal) e Moncayo do IED Madrid (Espanha). Estes sete designers receberam um prémio de 2.500€.
O Concurso Europeu de Jovens Designers MODAPORTUGAL contou com a participação de 29 designers oriundos de escolas de moda da Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido, que visitaram as empresas Atelier des Créateurs, Calvelex, Crialme, Eureka e Riopele. «Esta iniciativa pretende ser uma plataforma de promoção da excelência industrial e do que de melhor se faz em Portugal, através do concurso de jovens designers europeus, que nestes dois últimos dias visitaram as empresas juntamente com jornalistas nacionais e internacionais, e também com a entrega dos Prémios de Excelência Empresarial, que projectam o trabalho das empresas e a imagem do nosso sector a nível nacional e internacional», explicou Manuel Lopes Teixeira, presidente do CENIT.