Quando a dúvida persiste e a ansiedade domina, o que pensar, o que dizer, o que fazer quando não se sabe como “rotular” aquilo que tão depressa parece ser, como não ser?
Já saíram algumas vezes.
Já tomaram café, almoçaram, foram ao cinema, jantaram, perderam-se nas horas e nas noites em conversas e risos com e sem sentido…
Já partilharam histórias de vida, experiências, confidências, momentos de sucesso e insucesso, fragilidades, vulnerabilidades, frustrações, sonhos, desejos, esperanças…
Já conhecem o que gostam e o que não gostam, o que admiram e o que “apagavam” com qualquer borracha, o bom e o mau feitio, os olhares tristes e os brilhantes, os sorrisos coloridos e os amarelos…
Já estiveram quando o outro os chamou e quando mais precisou, e não “arredaram pé”, e não dormiram, e ouviram até ao fim, e abraçaram porque esse era o único “análgesico” que “adormecia” a dor que o outro sentia…
Já experienciaram o memorável, e o esquecível, o que os faz rir ainda hoje, e o ter vontade de esquecer cada vez que é lembrado…
Já construíram uma “ponte” que cada um atravessa em direção ao outro, onde se encontram, desencontram e logo se encontram, como se aquele tempo de espera nunca tivesse existido…
E de repente…
Num qualquer dia, numa qualquer hora, num qualquer momento… (será?)
Os seus olhos encontram-se, um beijo acontece, as roupas ficam espalhadas… e sentem o nunca sentido!
“O chão desaparece!”
O que pensar, o que dizer, o que fazer quando “aquilo” onde os nossos pés serenamente pousavam, repentinamente deixa de existir?
Voamos? Deixamo-nos cair? Saltamos para o colo do outro? Esquecemos que existe “chão”? Pensamos que ele não nos faz falta? Imaginamo-lo como se existisse ou deixamo-nos levar por essa doce magia?
E se ao olharmos, começarmos a ver outra pessoa, que agora beija, toca, abraça de forma tão diferente que nos deixa o coração aos saltos?
E a pergunta surge como um “furacão”:
Amigos ou namorados?
E permanece como um “vulcão”… ora em “calmia” ora em erupção!
E é nessa pequena, às vezes grande, “ilha vulcânica”, que começa a escolha dos “rótulos”: amigo? namorado? amigo? namorado? amigo? namorado?
E o medo de perder, e o receio de não permanecer, e a coragem e a ousadia, e a segurança e a insegurança, e as noites a fio sem dormir, e os prós e os contras, e o que pode acontecer e não acontecer ou deixar de acontecer, e o rever do passado e a antecipação do futuro, quase sempre, ou muitas vezes, faz com que se dê mais importância à escolha do “rótulo” do que à vivência do “Nova e Mágica” experiência com a qual a vida nos presenteou.
O que pensar?
Mais do que pensar, sentir!
O que dizer?
Mais do que dizer, sentir!
O que fazer?
Mais do que fazer, sentir!
O que escolher?
Não me parece que precisamos de “descolar” e “colar” “rótulos” na testa de quem gostamos e de quem gosta de nós.
Se o sente, e se esse alguém também o sente, para quê “rotular” o “irrotulável”?
Porquê correr o risco de perder tempo a pensar que “rótulo” colar e de tudo isso se tornar mais importante que o próprio sentir?
Muito para além de amigos ou namorados, o que importa é que essa pessoa goste mesmo de si e o demonstre com palavras, sem palavras, com olhares, toques, gestos, ternura, aceitação, respeito, abraços, beijos… Amor!
Sem “rótulos”, mas com o compromisso de se “verem” e de fazerem mais do que bem, Muito Bem!
E se assim acontecer, desejos, expectativas, “fantasmas” qualquer dia serão naturalmente expressados, “conversados”, e aqueles últimos, apaziguados!
De uma grande Amizade, pode nascer um grande Amor!
De um grande Amor, pode ficar uma grande Amizade!
Não será a amizade também uma “forma” de Amor?
Mas só acontecerá…
Se as pessoas, elas próprias, escolherem “Ser grandes”!