Já deve ter ouvido falar de mindfulness, ou atenção plena. Há cada vez mais cientistas, empresários e artistas a partilharem com o mundo as grandes transformações nas suas vidas graças a alguns minutos desta meditação por dia. Parece simples mas, se já tentou fazê-lo, saberá do que falo: não fazer nada (e não pensar em nada) é mesmo muito difícil. Como descreve o cientista francês Matthieu Ricard, que se tornou monge tibetano (e um dos mais próximos do Dalai Lama), a nossa mente é como um macaquinho irrequieto, sempre aos pulos. Conseguir fazê-la parar é difícil – mas absolutamente necessário.
Um dos maiores estudos de sempre sobre o comportamento da nossa mente está a ser realizado em Harvard exatamente com monges tibetanos, desde o início dos anos 2000. Uma das conclusões já apresentadas é que em 47% do tempo, num dia típico, andamos distraídos e perdidos em pensamentos que nada têm que ver com o momento presente: presos a angústias do passado ou na ansiedade do que há de vir. E essa é, também, uma das principais razões da nossa infelicidade, concluíram os investigadores.
Em Oxford estudou-se a melhor forma de integrar o mindfulness no dia-a-dia e as conclusões começam por amaldiçoar a ideia de que fazer muitas atividades ao mesmo tempo é bom. Talvez por isso a maioria das mulheres, enaltecidas como campeãs do multitasking, andem tão esgotadas…
Andy Puddicombe (outro ocidental, especialista em Ciências do Desporto, que se tornou monge budista) é um dos mais conceituados “gurus” em atenção plena. A sua conferência TED explica de forma brilhante e concisa (com algum malabarismo à mistura) porque devemos aprender a desacelerar e tirar 10 minutos por dia para dar a merecida pausa à nossa mente. Ajuda também a desmistificar o conceito de meditação: não é preciso acender incenso, nem sequer sentar-se em posição de lótus.
Convido-vos a ouvi-lo desejando que o próximo ano nos traga prosperidade, trabalho e saúde – mas também a sabedoria necessária para que, durante alguns minutos por dia, consigamos não fazer nada.