Quando alguém consegue fazer-te esquecer do mundo à tua volta (coisa rara para todos, sobretudo nos nossos dias), esse alguém ou te acertou com uma pedra na cabeça ou uma flecha no lado esquerdo do peito. O que é bonito é que não dói do mesmo jeito. Se uma pedra na cabeça tem até o dom de te matar, uma flecha no coração é quase sempre o golpe de um parente antigo, um movimento ancestral, como se um índio te quisesse assustar na esquina de um centro comercial. E para te provocar o susto, que é como quem diz – despertar o coração – ele usa a sua voz, e você, plena de felicidade de ver seu coração funcionando, berra por dentro, como se tivesse acabado de nascer.
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