<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 21 false false false PT X-NONE X-NONE MicrosoftInternetExplorer4 A dois passos das eleições para o Parlamento Europeu, é importante falar da Europa de modo positivo e reafirmar a relevância do projeto comum. A opinião pública é um pilar indispensável da construção europeia. Sobretudo numa altura de grande fragilidade, em que a UE é alvo de ataques internos e externos muito sérios, capazes de causar divisões e pôr em causa o futuro.
A nível interno, verifica-se uma convergência de investidas provenientes de vários quadrantes, nomeadamente de forças políticas radicais, extremistas de direita e de esquerda, ultranacionalistas e populistas. As linhas políticas com que se cosem são, aliás, praticamente as mesmas: a demonização do euro e do sistema financeiro; a culpabilização dos outros, do estrangeiro, e outras ficções identitárias que alimentam a xenofobia; o apoucamento dos dirigentes das instituições comuns e dos líderes políticos no poder; a idealização do passado, o mítico em vez do real; a ilusão do regresso às fronteiras nacionais bem como a rejeição de uma visão mais ampla da cidadania europeia. Cria-se, assim, uma Europa em risco de colapso devido a uma coligação informal de oportunistas, de retrógrados de vários calibres e de iluminados políticos. São gente que procura tirar partido das dificuldades e frustrações dos cidadãos erradamente deixados para trás, dos que não foram ajudados nem preparados para os desafios de uma Europa e de um mundo em mutação acelerada. Em tempos de crise e de incertezas, a política do bota-abaixo e do tribalismo nacional aproveita-se dos medos coletivos e dos desapontamentos sociais. Faz parte das artimanhas dos extremistas saber criar fantasmas e sentimentos de insegurança, para depois tirar os dividendos que daí possam advir. O populismo dá votos, como deu aos ditadores do passado europeu, na primeira metade do século XX. Mas convém lembrar que leva igualmente ao desastre, como a história nos mostra.
A nível externo, há os que pensam que uma Europa unida é uma ameaça para os seus interesses geoestratégicos e económicos. Não tenhamos ilusões, nem sejamos ingénuos. Quem vê a UE assim, quem olha para nós a partir do prisma do antagonismo e da competição negativa, tudo fará para tirar vantagem das vulnerabilidades atuais e sapar a unidade europeia.
A verdade é que a batalha da opinião pública não está ganha. Há oposição e há indiferença. Por várias razões, a informação e o esclarecimento não chegam aos cidadãos, não atraem o interesse popular. Neste quadro, o texto que François Hollande publicou, a 8 de maio, no diário Le Monde, deve merecer atenção e ser divulgado. Trata-se de uma reflexão construtiva, bem argumentada, realista e equilibrada sobre o que está em jogo nas eleições de 25 de maio. O Presidente francês reconhece que a UE se encontra em perigo de desintegração. Lembra-nos que uma Europa fragmentada abriria o caminho a confrontações violentas entre os Estados. Seria uma Europa a contracorrente da tendência atual, que visa criar grandes espaços políticos e económicos. Defende, por isso, o reforço político da UE bem como a ideia – controversa mas que merece ser debatida – de que esse aprofundamento se pode fazer mais rapidamente entre os Estados dispostos a integrar o pelotão da linha da frente.
Penso que o debate, nos próximos tempos, deve ter em conta esse texto de Hollande. Ao qual juntaria o livro de reflexões que Herman Van Rompuy acaba de publicar – Europa na Tempestade. Entre muitas coisas, o presidente do Conselho Europeu diz-nos que a gestão da crise europeia tem sido inspirada pela determinação de manter a união. É essa vontade que precisa de ser partilhada pelo maior número possível de cidadãos.