“O número de avistamentos de caravela-portuguesa (Physalia physalis) comunicados ao programa de monitorização de organismos gelatinosos na costa portuguesa (GelAvista), do IPMA, tem vindo a aumentar ao longo desta última semana, quer nos Açores, quer no continente, onde se verificam ocorrências desde Espinho a Sines”, anunciou esta sexta-feira, em comunicado, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Mas qual é o risco para a saúde se formos picados por esta que é, como descreve o IPMA, “a espécie gelatinosa mais perigosa que ocorre no País?” Que efeitos podemos esperar? Há perigo de morte? Veja aqui 7 factos sobre o animal que, em várias línguas, do inglês ao alemão, do francês ao espanhol, evoca o tempo das Descobertas portuguesas.
1. O que é uma caravela-portuguesa?
É um organismo animal do grupo dos cnidários (que inclui as alforrecas) – uma colónia constituída por centenas ou milhares de criaturas geneticamente semelhantes. Com o nome científico Physalia physalis, é azul-arroxeado, transparente, com tentáculos de dez metros, em média (alguns exemplares chegam aos 30 metros). Alimenta-se de plâncton e de peixes, que paralisa com veneno.
2. É perigosa para os humanos?
Sim. Uma picada de uma caravela-portuguesa provoca dores fortes, sensação de queimadura, vermelhidão, inchaço e comichão. Em algumas pessoas pode causa reações alérgicas com gravidade: cãibras, náuseas, falta de ar, febre, arritmias e desmaios. O animal pode picar mesmo quando parece morto na areia.
3. Como tratar uma picada?
Ainda está muito disseminada a ideia de que a água salgada é o melhor bálsamo, mas aparentemente não é. A evidência científica mais recente diz que faz mais mal do que bem, tal como o sumo de limão, outra solução típica. O melhor é limpar o local da picada com vinagre, remover os tentáculos da pele com pinças e depois lavar com água morna.
4. Urinar em cima do sítio da picada é uma boa ideia?
Não, de todo. Os últimos estudos indicam que aplicar urina é contraproducente – só provoca mais dor e pode até levar a que os tentáculos libertem ainda mais toxinas. Esta recomendação também serve para picadas do peixe-aranha: a urina enquanto bálsamo é um mito.
5. Pode morrer-se de uma picada?
Não é comum, mas já aconteceu. Em 1987, um homem morreu no estado americano da Flórida; em 2010, morreu uma mulher na Sardenha, Itália. Mas todos os anos são picadas cerca de 10 mil pessoas na Austrália, pelo que a hipótese de se morrer devido a um encontro imediato com uma caravela-portuguesa é mínima.
6. Tem predadores?
Sim, alguns. Um deles é o peixe-lua, um dos ex libris do Oceanário de Lisboa. Outro é a tartaruga-marinha-comum, cuja pele demasiado grossa a torna imune às picadas. Finalmente, uma espécie de lesma-do-mar e outra de caracol-do-mar especializaram-se em alimentar-se da caravela-portuguesa.
7. Qual a origem do nome?
O animal tem uma bolsa (que usa para flutuar) que, quando completamente cheia, faz lembrar as velas dos antigos navios portugueses. Daí o nome. Há outras teorias, não tão comummente aceites, que apontam para a semelhança da bolsa com os capacetes dos soldados portugueses do século XVI, ou para a suposta circunstância de o organismo ter sido muito comum à volta da ilha da Madeira.