Junto à Ribeira, a par da Alfândega Velha (a atual Casa do Infante), vizinha da igreja de S. Francisco, a rua do Infante D. Henrique, pejada de turistas, com a maioria dos seus belos edifícios oitocentistas transformados em hotéis e em pequenos, mas acolhedores, botequins, apesar de tudo isso, dos turistas do movimento, é uma sombra do que foi no passado quando era considerada a mais nobre rua do Porto, onde viveu a nata da fidalguia portuense e os mais ricos mercadores da cidade.
Foi construída entre 1395 e 1405, por iniciativa de D. João I, para enobrecimento da cidade a que o rei muito queria e relativamente perto do local onde, segundo antiga tradição, nasceria seu filho, o infante D. Henrique. Rua Formosa, foi o nome que aquele monarca deu à rua que mandou rasgar: ” …a minha rua Formosa “, como carinhosamente o rei se referia à nova artéria que era “toda d’el Rei” – como referem documentos daquele tempo.
Começava, como ainda hoje, junto à entrada da rua dos Mercadores e terminava à sombra do imponente edifício do mosteiro de S. Francisco de que apenas resta a igreja. No sítio onde esteve o convento está agora o Palácio da Bolsa, sede da prestigiada Associação Comercial do Porto. Quando ficou completamente urbanizada a nova artéria tomou o nome de rua Nova, que pertencia a uma outra que ficava nas imediações da Sé e à qual deram o nome de rua Escura.
Nesta rua se ergueram as mais nobres casas do Porto. Era tão larga que nela se fizeram feiras e correram touros. Nela se instalou a Casa da Moeda e no meio, consta de um documento do século XVI, “está um chafariz antigo e principal”. A esta rua Nova iam dar, ou nela tinham começo, velhas artérias portuenses: viela das Pegas; Outeiro ou Outeirinho de S. Nicolau.
Nas imediações da Feitoria Inglesa, ali começada a construir em 1785, concentrou-se, a maior parte dos homens de negócios do Porto e, consequentemente, a o grosso da atividade comercial da cidade que, por aquele tempo girava e trono dos negociantes britânicos. É conhecido o famoso desenho do barão de Forrester onde se podem identificar as mais importantes figuras de negócios daquela época que não deixavam nunca de passar pela rua a que, por isso, se deu o nome de rua Nova dos Ingleses e, depois, somente rua dos Ingleses. Esta designação durou somente até 1890, ano em que foi conhecido o Ultimatum inglês que punha em causa a soberania portuguesa nas suas colónias. Desagradados com a atitude do governo britânico os portuenses mudaram o nome à rua e deram-lhe o do infante D. Henrique, que perdura.