Ora no ano de 1822, a Câmara do Porto, entendeu que as hortaliças e outros legumes passariam a ser vendidos num mercado, criado para esse efeito, no então chamado largo do Correio que ficava onde hoje confluem as ruas da Fábrica, de Avis e do Conde de Vizela. Chamava se do Correio porque ficava próximo da residência do Correio Mor.
Um ano depois as hortaliceiras protestaram. O sítio não era adequado à venda de legumes e enviaram uma representação (abaixo assinado) à Câmara a quem pediam o regresso à Cordoaria. Ouçamos as razões apresentadas pelas vendedeiras:
” … vai num ano que nos mandaram para este lugar do Correio antigo. Todavia este sítio é de todo impróprio para ai se venderem hortaliças. Primeiro, porque esse mesmo sitio acha-se ocupado , nos dias da feira, com os vendedores de plantas e de flores, alem de outros embaraços que até impedem de passar a gente . Segundo, porque estão expostas, não só as suplicantes , como também as mais pessoas, a serem atropeladas pelas bestas do alquilador Carneiro que , morando pouco adiante, sucessivamente passam naquele sitio e até, algumas vezes, andam os seus criados ou arreeiros a folgar com elas ou a passeá-las por aquele mesmo sitio e podem mui facilmente soltar-se a acontecer uma desgraça…”
As vendedeiras terminam a exposição à Câmara desta maneira: ” … assim como confiam na piedade de Vossas Senhorias, que têm almas nobres e corações enternecidos, hão de deferir-lhes esta súplica “
Não sabemos se foram os justos argumentos das hortaliceiras, confirmados por quarenta e sete assinaturas “dos vizinhos daquele sítio em redondo”; se o apelo às “almas nobres e aos corações enternecidos de Suas Senhorias”; se ao receio de as hortaliceiras serem atropeladas pelas bestas, a verdade é que os edis ouviram o apelo das vendedeiras de hortaliça e em reunião da Câmara de 14 de junho de 1823, determinaram o seguinte: ,” … concordamos em que a feira volte para o sitio em que antes estava, a Cordoaria, porque o atual é pequeno e incapaz e tem outros inconvenientes…”
Mas para que desta decisão memorável não pudesse haver recuo, a hortaliceira Maria Francisca, que foi a primeira a assinar a petição, ainda nesse mesmo mês de junho mandou registar o documento nas notas do tabelião Domingos Joaquim de Almeida, com escritório na então denominada rua de Santo António, hoje rua de 31 de Janeiro, por causa das dúvidas…