Os dias 4 de maio e 9 de outubro de 1829, foram os dias mais pungentes que se viveram na antiga praça Nova, hoje denominada praça da Liberdade, em memória, precisamente, dos dois tristes acontecimentos que ali se viveram naqueles dias.
Em 16 de Maio de 1828 ocorreu no Porto uma revolução que pretendia restaurar, no país, o regime constitucional que, dois anos antes, o rei D. Miguel, dissolvendo as cortes e rompendo com todos os acordos que havia firmado com seu irmão, o D. Pedro IV, substituíra pelo absolutismo.
A revolução, sejamos justos, começou em Aveiro e teve como seu grande impulsionador, a veneranda figura de Joaquim José de Queirós, avô do grande Eça. Mas foi no Porto que eclodiu. E não durou muito tempo.
Logo a 14 de julho as tropas miguelistas entraram no Porto, dominaram a revolta e D. Miguel assinou uma carta régia através da qual instituía “uma alçada especial (tribunal de exceção) para processar e julgar os indivíduos, direta ou indiretamente, implicados na Revolução Liberal de 16 de maio…”
Como resultado das investigações foram detidos cerca de cinquenta doze dos quais viriam a ser condenados a morrer na forca que, para esse efeito foi montada bem no centro da praça Nova. Dez foram executados em 4 de maio e dois no dia 9 de outubro de 1829.
Dizem as crónicas da época que durante as execuções, que duraram todo o dia, de cada vez que um condenado subia ao cadafalso, os frades lóios e os padres da Congregação do Oratório, (Congregados), cujos mosteiros ocupavam, os primeiros, o edifício do atual Hotel Intercontinental ; e os segundos, um mais antigo, que ficava contíguo à igreja dos Congregados , durante as execuções, escrevíamos, os lóios e os congregados, brindavam com vinho do Porto e pão de ló, ao mesmo tempo que davam “ vivas à santa religião e ao senhor D. Miguel…”
Foi por essas e por outras que, quando os liberais entraram no Porto, em 1832 , eles e muitos mais de outros conventos, fugiram cobardemente abandonando tudo e houve mesmo casos em que alguns até deixaram nos conventos “irmãos” que estavam doentes.
Quando D. Pedro IV chegou à praça, a forca ainda lá estava de pé. Foram os seus soldados que a desmantelara, e com a sua destruição foi entendida como o fim do absolutismo, dois anos depois com a expulsão do país de D. Miguel e a instauração do regime constitucional.
Os cadáveres dos doze Mártires da Pátria foram sepultados no cerro dos enforcados, um terreno onde agora funciona o serviço de urgência do Hospital de Santo António. Foi de lá que a Santa Casa da Misericórdia do Porto os resgatou, anos mais tarde, e os colocou num mausoléu hoje existente no cemitério da irmandade no Prado do Repouso.