Quem reduz a democracia à vontade popular nas urnas de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos esqueceu-se do imenso trabalho de décadas (ou séculos) a erigir instituições. Instituições que podem dissolver-se em inundações por ruas da amargura, mas que, de vez em quando, emergem e nos fazem exclamar: “Ah, elas existem!” A Justiça é uma dessas.
Em França, Marine Le Pen está numa encruzilhada. O Tribunal Penal de Paris condenou-a – e a oito eurodeputados do seu partido, a União Nacional – a quatro anos de prisão, dois dos quais em prisão domiciliária, pelo desvio de fundos europeus. O esquema, que durou de 2004 e 2016, passava por contratar assessores para o Parlamento Europeu com “contratos fictícios”, já que não fariam nada porque, de facto, trabalhavam era para o partido, estando a União Europeia a financiar essas despesas, num total de 4,4 milhões de euros desviados.