Não é o lema do clube de futebol Liverpool que quero lembrar. Nem tão-pouco uma música favorita da minha adolescência. É apenas o título de uma canção sem palavras, tocada ao piano por Nina Simone em 1959. Uma frase simples que reflete o desejo que muitas vezes expresso a alguns adolescentes que conheço no meu trabalho de médico de pedopsiquiatria. Evoca a vontade de, para muitos, podermos ser uma base segura, capazes de uma escuta ativa e de uma compreensão sem juízo prévio de tudo o que os adolescentes possam ser capazes de sentir e pensar, recordar e sonhar, enquanto pessoas em transição por idades fundamentais da nossa vida interior e de relação.
É comum associarmos os anos da adolescência aos melhores da nossa vida. Ligá-los à ideia banal de estar bem, feliz e em festa. De ser ativo, sonhador, capaz de contestar regras, desafiar limites e, de verdade, mudar para melhor o que se herdou da geração anterior. De viver em harmonia amores e desamores, grandes paixões em dose igual às zangas, como se tudo fosse sempre a primeira vez e nunca estivéssemos enganados ou existissem dúvidas sobre decisões a tomar. Também de ter pais por perto que se possam contrariar, ouvir sem ligar nada, mesmo que depois se reconheça que até podiam estar certos em algumas coisas e que, de verdade, aquilo que se chama “experiência” acaba por contar. De hesitar em que escolhas fazer quando a escola nos lança esse desafio, mas de seguida estar seguro delas e lutar pela ideia de tornar essa vontade real, dizendo que um dia, quando for grande vou ser… (já sou!) …isto ou aquilo.