O mundo do trabalho está em rápida mudança! Disso não há dúvida. O estudo Human Experience, elaborado pela JLL, ouviu mais de 2.000 colaboradores em 10 países e concluiu que os modelos de trabalho do futuro serão híbridos, conjugando colaboração no escritório e fora dele.
Da parte dos colaboradores, há um enorme desejo de manter a flexibilidade do teletrabalho, mas a maioria quer equilibrar o regime remoto com o acesso a um escritório. Constatou-se, aliás, que 80% dos colaboradores sentiram a falta do seu escritório durante o confinamento, mostra outro relatório da JLL, o Human Performance.
Da parte das empresas, há um claro reconhecimento das vantagens do teletrabalho, mas há também a consciência plena de que o processo de colaboração interpessoal e a própria socialização entre pares é essencial para a produtividade das equipas. Este último estudo concluiu ainda que a componente social do escritório é crucial para o desempenho dos colaboradores: “97% dos decisores descrevem os seus escritórios como um espaço de colaboração fácil”.
O modelo híbrido de trabalho exige um novo espaço físico, composto por uma variedade considerável de áreas que respondam às várias necessidades de trabalho, proporcionando aos colaboradores ambientes acolhedores e ergonómicos. Se antes já estava em marcha a tendência de colocar a “experiência humana” no centro do desenho dos espaços de trabalho, agora essa humanização é incontornável. O novo escritório é versátil e foca-se em soluções centradas nos colaboradores e no seu bem-estar.
Já se viu que o sentimento de partilha e pertença é crucial para motivar os colaboradores e que o escritório é o espaço ideal para a materialização desse sentimento.
Mas então, como é o escritório do futuro? Terá de ser um espaço sustentável, colaborativo, funcional, confortável e contemporâneo. Onde as pessoas se sintam bem, inspiradas a produzir mais, e, acima de tudo, motivadas. E como é que isso se traduz na prática? Com mais espaços colaborativos, em detrimento do anterior modelo em que predominavam os espaços individuais, praticamente agregados em torno de ilhas isoladas.
Dando um exemplo prático de um escritório virado para o futuro, podemos olhar para o projeto de renovação da sede da JLL/Tétris, em Lisboa, que se alinha com as novas tendências acima mencionadas no sentido em que integra a colaboração, sustentabilidade e inovação tecnológica na sua própria definição, com o objetivo de melhorar a experiência humana. No escritório de hoje e amanhã, as zonas colaborativas surgem como espaços “pivot”, que assumem uma elevada importância ao permitirem uma maior socialização e networking interno. Tratam-se de áreas informais, que se distinguem pela sua tipologia, configuração e materialidade. Estes chamados espaços “pivot” adaptam-se tanto para receber equipas que colaboram em projetos específicos, como para apresentações internas para clientes, para o trabalho individual, conversas informais entre pares, ou até momentos de pausa. Cada vez mais, estas zonas híbridas devem ter em conta as condições acústicas, pois as conference-calls continuarão a fazer parte da rotina, mesmo após a pandemia.
Outra questão central no escritório do futuro é o princípio de uma conceção e construção sustentável, começando logo pela definição dos materiais: a opção por revestimentos de origem natural, com caraterísticas acústicas, térmicas e até de baixa manutenção. A integração do design biofílico, mediante a incorporação da natureza, assume-se também com relevância nos espaços de confluência, de cariz informal, aproximando-nos dos conceitos de saúde e práticas de bem-estar, promovendo-se assim uma maior produtividade entre as equipas.
Hoje em dia, o mote de qualquer empresa deverá ser a articulação de uma relação de transparência entre as experiências dos colaboradores e a experiência corporativa, devolvendo resultados positivos quer para a empresa quer para as suas pessoas. Sabemos que não voltaremos aos antigos dias de trabalho e concluímos agora que a socialização, a comunicação, a colaboração e a interação são os grandes motivadores da vinda ao escritório. As empresas que rapidamente reinventarem os seus escritórios, para se ativarem perante os novos modelos de trabalho, irão destacar-se em termos de resultados e competitividade.