Só um cego não vê que este Governo está no fim. Está há meses completamente paralisado, sem se saber o que quer e para onde vai. A coligação não se entende e o primeiro-ministro e o seu vice têm políticas e pontos de vista completamente diferentes.
Os ministros também não parecem ser capazes e alguns estão numa situação bem difícil. Como o ministro da Defesa, o ministro da Saúde, a quem faltam médicos, enfermeiros e medicamentos; a ministra da Justiça, como se sabe, e o ministro da Educação, são desgraças assumidas.
Ultimamente o primeiro-ministro foi posto em grandes dificuldades. E como é um homem inteligente, resolveu depor na Assembleia da República em defesa dos ataques que lhe fizeram sobre o que se passou há anos na Tecnoforma e na ONG “CPPC”.
É evidente que apesar de Passos Coelho ter uma considerável maioria na Assembleia da República, as questões e dúvidas que se queriam esclarecidas não o foram de forma inequívoca e mereceram até da parte dos opositores perguntas difíceis de responder, como as do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda.
Curiosamente, o Presidente da República, que há tanto tempo está sem fala, calado em absoluto – quanto ao caso BES, por exemplo, nunca disse uma palavra -, ?coisa que ninguém entende, veio, em ?26 de setembro, no mesmo dia do debate no Parlamento, afirmar a sua satisfação pela forma como o senhor primeiro-ministro agiu no caso Tecnoforma.
Está com ele, como parece, suceda o que suceder. Ora, quando o País inteiro quer que este Governo mude, porque só tem destruído Portugal, lançado na miséria milhares de portugueses e obrigado muitos a emigrar contra a vontade deles e das suas famílias, o senhor Presidente da República quer, acima de tudo, que este Governo permaneça.
Como seremos vistos na União Europeia e, em especial, em Espanha, pelo líder do PSOE, Pedro Sánchez, de grande inteligência, de quem tenho a honra de ser amigo como, aliás, do jovem Rei, que tanto respeitam Portugal? Pobre País o nosso diminuído por este triste Governo e por um Presidente da República que não sabe estar senão calado — ou que quando fala não é claro.
E pior, como se viu agora. Quer a continuação do atual primeiro-ministro, porque só o facto de poder vir outro lhe causa confusão. Pode pô-lo em causa. E ele, Presidente, sabe que está a pouco tempo do fim do seu mandato e teme qualquer inovação. Que tristeza!
Relativamente ao PS, dois factos merecem registo: a vitória clarificadora de António Costa nas eleições primárias e a forma ?digna do seu reconhecimento por António José Seguro