A Fundação que tem o meu nome, com a respetiva administração e um Conselho Geral, tem continuado neste ano de 2014 a fazer um trabalho que vale a pena salientar. É conhecido que tem na sua sede, duas casas em face ao Parlamento, um arquivo excecional, não só relativo a Portugal mas também a todas as ex-colónias e novos Estados independentes, e ainda ao Brasil, a Espanha, a França, à Rússia e, obviamente, à Alemanha. E tem, mais, uma Casa-Museu João Soares, em Cortes, Leiria.
Este ano temos vindo a homenagear, todas as quintas-feiras à tarde, grandes figuras de republicanos e socialistas, já falecidos. Trata-se de uma série intitulada Vidas com sentido, 15 dos quais já foram homenageados com a participação de ilustres figuras de historiadores, jornalistas, políticos, homens de cultura e arte que os conheceram bem. O último foi o advogado, político e esteta, de grande cultura, Fernando Abranches-Ferrão. E quem falou sobre ele na qualidade de antigo companheiro de escritório e amigo foi José Carlos de Vasconcelos, bem como o médico e seu enteado José Miguel Ramos de Almeida.
Foi uma sessão muito interessante. Até porque estavam presentes muitas pessoas que trabalharam com Abranches-Ferrão e advogados, escritores e artistas de reconhecido mérito. Seguir-se-ão muitos outros, sendo o próximo o sindicalista socialista, António Janeiro, meu grande e saudoso amigo. Sendo um dos oradores Vítor Ramalho, advogado e estudioso do movimento sindical.
Mas para além deste quadro de Vidas com sentido, que ficará na sua história, a Fundação realiza exposições, como as duas últimas, uma do escultor moçambicano Licombi e outra do fotógrafo Armindo Cardoso, sobre o Chile. Faz conferências, dá um prémio anual, patrocinado também pela EDP, e não deixa esquecer figuras do passado como foi o caso, há poucos dias, do padre progressista Felicidade Alves.
Sucede que ainda neste ano, em 26 de março, a Fundação vai organizar uma sessão de homenagem a três alemães, social-democratas, Willy Brandt, Helmut Schmidt e Günter Grunwald, que foi presidente da Fundação Friedrich Ebert, que tanto nos ajudaram, antes e imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974. Devemos-lhes muito e não o podemos esquecer, bem como os jovens que nos possam ler.
Toda a América Latina deve muito à social-democracia alemã. E também não só Portugal e Espanha como a Grécia, as três ditaduras europeias da época, que progressivamente o deixaram de ser. Por isso, repito, não o podemos esquecer. Sobretudo nesta época de crise aguda europeia, da qual a chanceler Merkel é tão responsável. Mas agora está de novo aliada aos social-democratas alemães e, dada a nova situação, tudo vai mudar. Julgo eu.
Portugal vai festejar no dia 25 de Abril, o 40°. aniversário dessa data que apaixonou a Europa. É tempo que a Direita meta a viola no saco e o populismo, mascarado de social-democracia, desapareça. Não haverá mais Merkel que lhe valha… Porque, como disseram no sábado passado os militares hostis ao Governo, “se não for a bem, vai a mal”…
Uma última questão. Cuba, atenção, está a dar um salto muito importante. Está a construir, com auxílio dos brasileiros, um porto de mar de grande importância. Os americanos, mesmo os republicanos, estão a olhar para Cuba com outros olhos, bem como os cubanos que vivem na América e que querem voltar a Cuba. É por isso importantíssimo que os cubanos presos na América há 15 anos sejam libertados e possam eles também regressar a Cuba. Seria um passo que agradaria a toda a América Latina e podia melhorar as relações entre a América e Cuba. Obama deve fazer alguma coisa nesse sentido. E não só cumprimentar, com bom humor, Raul Castro no funeral de Mandela.