Para Usain Bolt atingir o estatuto de lenda, que perseguia, faltava-lhe conseguir algo que nunca tinha sido feito antes e que, de certeza, levará muitos anos (décadas) a ser repetido: ganhar em dois Jogos Olímpicos consecutivos os 100 e os 200 metros. Missão cumprida, esta noite, cerca das 20.55, hora do meridiano de Greenwich, que passa aqui mesmo junto ao Estádio Olímpico de Londres.
Estádio cheio, a tensão dos grandes momentos, muitos flashes a disparar nas bancadas e todas as atenções concentradas num único homem. Usain Bolt, mais uma vez, não desiludiu e demonstrou que é o mais rápido, o mais forte e o mais carismático atleta à face da Terra, com uma vitória categórica na final dos 200 metros, a somar ao ouro já alcançado nos 100 metros.
Agora, sim, é uma lenda
É mais fácil ganhar uma medalha de ouro olímpica do que ficar na História. Usain Bolt já era considerado, com facilidade, o homem mais rápido do mundo, mas isso não chegava – sempre houve, desde que há provas de 100 metros, homens mais rápidos do mundo… que o deixaram de o ser quando apareceram outros mais velozes (é isso que acontece aos recordes: há sempre um dia que são batidos!).
Usain Bolt também já tinha dois títulos consecutivos dos 100 metros, mas isso não era o suficiente – Carl Lewis também tem esse nome nas listas, embora a segunda medalha de ouro só tenha sido atribuída, em Seul 1988, após a desqualificação de Ben Johnson.
Usain Bolt também já tinha ganho os 100 e os 200 metros nos mesmos Jogos Olímpicos. Mas, mais uma vez, isso era algo que muitos outros também tinham alcançado no passado. E não foram poucos: Archie Hahn (1924), Ralph Craig (1912), Percy Williams (1928), Eddie Tolan (1932), Jesse Owens (1936), Bobby Morrow (1956), Valery Borzov (1972) e Carl Lewis (1984).
Três jamaicanos nos primeiros lugares
Para se tornar uma lenda, como sempre quis, Usain Bolt não precisou sequer de bater o recorde do mundo. Limitou-se a igualar a marca de Michael Johnson nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996, 19.32, que muitos pensavam que iria durar décadas. Com incrível facilidade, Usain Bolt dominou a corrida do princípio ao fim e, já relaxado nos metros finais, permitiu a aproximação do compatriota Yohan Blake, que repetiu nos 200 a medalha de prata que já tinha ganho nos 100 metros, desta vez com o tempo de 19.44 segundos.
Em terceiro lugar ficou o também jamaicano Warren Weir, também com uma marca abaixo dos 20 segundos (19.84).
Para que a festa seja completa, e a lenda se torne ainda maior, Usain Bolt só precisa de acrescentar um terceiro título em Londres, o da estafeta dos 4×100 metros, tal como fez em Pequim, há quatro anos. A lenda continua.